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Arquivo mensal: março 2005

livro que acompanhará o festival de filmes brasileiros no Cinema Magic em Bobigny  no mês de março de 2OO5.

 

Como foi a tua trajetória para chegar ao teatro.

O teatro já está em todos nós. O negocio não  é chegar lá, mas encontrar em você mesmo e topar ou não  trazer o bicho a tona. Todos nós brincamos na infancia e quem é esperto sabe que brinca a vida inteira. , e as vezes querendo brincar de adulto, sério, nos mascaramos e vamos para os papéis de protagonistas , coadjuvantes ou figurantes da sociedade de espetáculos. Aí caretas ,decidimos fingir que não estamos representando , porque recalcamos a pulsão, o tesão teatral e nos contentamos a ser mascaras sociais, a fazer Teatrão, Representação. O Clone de Dionisos. Nós todos estamos fazendo teatrão  o tempo todo, mas podemos deixar cair a mascara , brincarmos com todas elas, e escolhermos o caminho da presentacão que eu penso que é o que tem sido a trajetoria não  somente do teatro historicamente  mais forte, como também o proprio encontro com a vida crua , nua e em sí subversiva.

Há em todas as vidas ,momentos    de morte inciatica seguidos  de um novo nascimento ou de uma opção pela mascara.

 

Em 58, em Araraquara=Morada do Sol em Tupy, eu estava empinando papagaio,no Largo da Camara   florido dos efemeros  Ipês  amarelos e lilás, no mes de julho, inverno no Brasil sul, em que  venta  muito . O papagaio estava muito alto, entrou  na  barriga de uma nuvem gorda, bateu um vento forte e ele escapou da linha . Sai correndo desesperado atraz dele, até encontra-lo no cair da noite todo molhado , onde a cidade já entrava no mato. Deixei-o  no quintal de minha casa e quando acordei fui correndo ver o papagaio., Estava  esturricado ,  sêco, e todo rasgado, assassinado, pelo Sol. Fiquei  desesperado porque era o mais lindo papagaio que eu tinha feito : “O Imperador do Espaço” .Mas de repente bateu   umoutro vento forte que arrancou o papagaio de minhas mãos ,

e foi  levando  seus pedaços até fora de minha casa, até desaparecer no céu estraçalhado. Fui correndo para o piano que tocava de ouvido e cantei o que tinha acontecido e virou uma musica, dai fui correndo para a Escola de Comercio de meu pai e fui para uma maquina de escrever de uma sala vazia de gente mas cheias de maquinas Remingtons e atirei meus dedos nas teclas e em quarenta minutos tinha parido um primeiro ser, não   começo meio e fim (?), mas uma “coisa” chamada  “Vento Forte para um Papagaio Subir “, uma peça de Um  Ato. Peguei o onibus para São  Paulo,com a certeza que deixava de vez minha  cidade .  Era este o tema da peça.Aproveitar os ventos que batem emsua vida e tomar decisões as vezes como foi oo caso, definitívas.Eu aproveitei o vento forte em mim, encontrei o impulso de voar livre  para São  Paulo para viver :para , com e do teatro. Nunca mais tive nenhuma duvida sobre essa trajetória a de uma arte  que imediatamente me leve a ação concreta no mundo. Tres meses depois a peça, juntamente com “A Ponte “de Carlos Queiroz Telles , inaugurava no local onde hoje é o Teatro Oficina , a trajetória do Teatro Oficina .

 

 

Falar sobre a tua formação educacional. 

Tive educação formal universitária. Formei-me em Direito na Faculdade de Direito “Romano”   do Largo de São  Francisco da USP  , mas deixei  lá o diploma. Mas o direito   me serviu esses anos todos na minha luta contra o direito de propriedade Romano,    para a afirmação do direito ao espaço onde   nós do Oficina, estamos   há mais de 43 anos , a ponto de nos tornamos  posseiros.  Até hoje nossa situacão nnao foi regularizada. As vezes acho bom ,assim.

Mas minha deseducação , muito mais importante para minha formação cultural, veio das empregadas de minha casa que me iniciaram na  Radio Nacional .Esta emissora, tinha programas de auditorio fantasticos , com grandes sambistas e um auditorio cheio de “macacas “, que eram as fãs , que desciam das favelas do Rio, na sua maioria negras para fazer o Coro  ativo dançando ,  gritando com as Cantoras Coriféias.Essas  “macacas” para mim, são a origem do Coro Bacante do  Teatro “Brazyleyro”. (Glauber escrevia assim com z e y , pois esta cultura não é nacionalista mas antropófoga ,como a dionisiaca grega  que não  era grega mas helênica, vindo das misturas todas do Oriente, Europa e Africa)

Cinema eu ia toda noite.

Nasci em 37 , ano do explicito inicio da segunda guerra mundial, mas o Brasil que estava fora da guerra tinha no Ministerio da Educação Gustavo Campanema, que tinha como acessor Carlos Drummond de Andrade

grande poeta brasileiro. E tinha um programa de desenvolver essa cultura brazyleyra . Vila Lobos conseguiu por exemplo tornar os Corais obrigatorios nas escolas.Disse a Getulio Vargas “o unico país que não obriga os Corais  nas Escolas é o Brasil”, Getulio assinou na hora, um decreto nesse sentido. Vila Lobos então cumprimentou-o, “o. Brasil é o primeiro país do mundo que tem corais obrigatorios nas escolas.” Isso criou uma efervescência popular enorme, nós fomos deseducados pela musica já mestiça e rebolada de Vila Lobos.

Minha familha morava na região  da Zona de Putaria, minha casa era mum bastião   de “resistiência moral”, mas as putas me passarm muita cultura. A Noite nos sabados tinha um Cabaret Magestic com bailes fantasticos e eu ficava ouvindo e sonhando, até que um dia eu ouvi    a voz de Isaurinha Garcia saida de uma Juk box numa noite estrelada . Me apaixonei por essa cantora,que depois me iria ensinar os segredos  mais radicais do Teatro.

Minha casa era muito simples, a sala de jantar era ligada ao banheiro , mas tinhamos uma Biblioteca, vendida a meu pai, por Monteiro Lobato, com tudo que saia no Brasil sobre o Brasil escrito por brasileiros, , e o que era importante na literatura mundial.

Meu pai filmava em 16mm. Me levava para o Circo, Circo Teatro, o que mais passava por Araraquara, e Companhias Mambembes de Teatros com Atos Variados e Revista. As atrizes logo se entendiam com o delegado e com os homens da grana na cidade e intaurava-se uma atmosfera erotica pestilenta maravilhosa na cidade.Até hoje eu sinto o cheiro dessas mulheres perfumadas que entravam emcena , desciam do palco iam para o pubico dar seus cheiros.

O teatro que eu gosto de fazer busca muito essa peste erotica perfumada.

 

Araraquara, é  muito austera , imita  Monte Carlo e Nova York. Foi  reconstruida depois de um linchamento de jornalistas nordestinos, que escreveram contra os mandões locais. Os play bois dessa familia   se pintaram de negro e na praça da Matriz, picaram os corpos dos jornalistas e jogaram num terreno baldio, que virou santificado pelo povo, “O Cemitério dos Brito”. A cidade recebeu no país o apelido de Linchaquara .

 

Um prefeito da familha linchadora, Carvalho ,  resolveu reconstruir a cidade toda, ajardinando-a no estilo dos jardins europeus e fazendo ruas  com numeros . Eu morava na rua 7 e esse linchamento era assunto Tabu na cidade que tinha que ser recalcado. Isso me formou tambem.

 

Me  iniciou no desejo de um  teatro que exponha  á luz dos refletores ,do Sol da Lua, os  abcessos  fechados, tabús, enterrado para  transformá-los em Totens.

 

Poderámos dizer que a peça OS PEQUENOS BURGUESES  do Maximo Gorki foi o teu primeiro sucesso profissional ? 

Sim , estreamos  em  1963.Tivemos que sair de cartaz por causa do golpe de 64, mas a peça voltou sem o Hino da Internacional no final, e ficou  até 1972 , tendo chegado a mais de mil apresentações, como os gols de Pelé na época. Correu o Brasil e esteve no  Uruguay. E foi o sustentáculo da formação da Companhia.

Uma peça vacilava na bilheteria e logo retornavam os pequenos burgueses.

 

Estive com uma bolsa de estudos modesta em Paris em 65, e pude     viajar por toda a Europa, para os paises de lestes, que tinham um teatro excepcional, depois para Nova York com o minha percentagem na bilheteria da peça no Brasil.Foi í que saimos mesmo da bitola da clientela de teatro , muito restrita, passamos fazer a peça também em teatros de milhares de lugares, em estadios, em quadras de futebol de salão.

 

4)Quando você montou esta peça ? l963 ou l964?

Exatamemte em 63, ano ápice do movimento de Reformas de Base no pais, entre os dois fogos   da Guerra Fria, como outros paises do Terceiro Mundo, queriamos  escolher nossos  próprios destinos.

 

O suididio de Vargas,uma  cena seminal  da Tragédia Brazyleyra,

teve a potência atrasar o golpe militar a favor da direita americana de 10 anos .

Foram os dez anos (1954 a 1964) do meu rito de passagem de adolescente para a maturiadade sempre imatura,   sincronisados com um grande movimento de ascenção social do povo brasileiro, anunciando sua mestiçagem , seu phoder, seu delirio,  nas  primeiras Ligas Camponeses, mães do Movimentos sem Terra, nos movimentos trabalhistas operarios tomando os sindicatos dos pelêgos, no cinema novo, na bossa nova,no Teatro de Arena, no Teatro Oficina,  liderados por um poder politico forte , com quadros como  Celso Furtado na Area da Invenção de uma Economia libertadora para a America Latina, ,Darcy Ribeiro chefe de Gabinete do Pridente João Goulart com todo o sonho e a competência de criar uma universidade brazyleyra,destinada a alimentar o salto  revolucionário do Brazyl .Foi numa epoca de climax, interrompida bruscamnete com o inesperado Golpe de 64. Mas como já disse acima,voltamos em cartaz até explodir tudo de novo em 67.

 

  escolha deste texto teatral tem alguma ligação com o momento político que o Brasil estava vivendo durante esta época ?

 

Muita.Porque havia duas linhas.Uma era a paternalista do Partidão, do maravilhoso

CPC (Centro Polular de Cultura) que subia até as favelas para  levar  consciência popitica  ao povo.O povo tinha muito mais a nos ensinar . Mas mesmo assim, saía-se do apartaide da classe média em que acontecia o Teatro e se entrava em contacto com o morro .Resultou num trabalho inverso, o povo  nos passou sua cultura muito mais forte.

Outra linha era   fazer a revolucão apartir de si mesmo, de sua situação social , de seu  trabalho, de seu proprio corpo. Penetrar nessa situação ,vivê-la e trucidá-a-la, assassiná-la.Um suicidio iniciatico, morrendo como pequeno burgues e nascendo como revolucionario.

Essa emoção suicida  foi o que mais empolgou a juventude depois do golpe do Estado. Impedida de entrar em contacto com o povo explodiu sua força seu poder, matando  a  familha,   transformando  o “emprego” em trabalho de criação ,  abrindo   pela arte as barreiras que nós mesmo da classe média impunhamos a trabformação do Brasil.

“Os Pequenos Burgueses” como todo movimento dos jovens do mundo todo, era um retorno ao paganismo, uma recusa do seu esquema familiar, de classe ou de trabalho alienado, mercenário, e o desejo de renascer revolucionário. Chê é este Totem .

Nós os Pequenso Burgueses abrimos na peça de Gorki todos  nossos abcessos de pequenos édipos, e nos suicidavamos em cena,como classe. Isso atraiu uma multidão de jovens que deseja a mesma coisa. Passar por este processo de morte ao mesmo tempo que começar a jogar seu corpo em mutação na  ação sobre o  mundo, pondo abaixo  o “papai –mamãe e do pederasta nato ” como dizia Artaud.  A peça de Gorki estava ligada com as duas linhas , pois era uma peça escrita antes da contra-revolução russa de 19O5 e o Brasil vivia uma situação pre revolucionaria. A classe média estava sendo profundamente “olhada” , perdendo sua universalidade.

Gorki misturava as personagens de Tchecov ,diante das de Dostoiewiski  e dos bocheviques dos primeiros tempos , e criava uma luta de forças de entidades e forças historicas, atravees das perosagens que se relativisavam todas   na sua interelação, no mal estar sentido  tanto  pelos que  estavam por cima quanto pelos que estavam por baixo.Sem catarsis psicológica como no  drama americano, somente tendo saida no    desconhecido de uma revolução.

O Brasil estava assim ,Sartre tinha recem chegado ao Brasil de Cuba, e os jovens que “so faziam o que queria seu coração”, existencialistas com toda razão, como Chiquita Bacana, leitores de seus romances que davam vertigens de liberdade,  e de suas  criticas da razão Dialetica, mas  sem peder a contribuição de Marx sobre o capitalismo, se lançavam na luta social-existencial de corpo-alma e encontravam  na peça um farto alimento, para esta escolha.

 

Você usou este texto para comparar a situação do Brasil ?

Não é possivel jamais “usar” uma obra de arte, ao contrario sim ela pode nos posssuir de tal maneira que nos tonamos seus cavalos no sentido umbamdista do termo. Quando se escolhe uma peça, já há um desejo de transpor uma crise com esta metafora , este transporte que é a peça, para tornarmo-nos maiores do que nosso recorte individual, e podermos ganhar a energia, o poder, das personagens e da obra.

A Obra está lá dormindo no livro e de repnete ela ganha vida por causa daquele momento em que as pessoas se encontram por uma coincidência de estarem juntos alí, para fazerem o que desejam juntas .  Captar toda a energia do momento, todas as contradicões através da obra que vampirizada , vampiriza  para sí,  toda geleia dessas  experiencias trans humama  , as mais inconfessaveis, as mais afetivas, as sexuais, as politicas e sociais  expertimentadas por elas juntas,numa orgya que deve durar no minimo 40 dias .tempo de uma feitura de cabeça em Candomblé.

Naquele momento para aquele publico. Assim toda a peca é um  milagre de ressureição e de epifanía, porque até ela vir ao cartaz ,ela passa por uma serie de provas vitais , desde as mais mesquinhas e insignificantes até aquelas que nos viram do avesso e nos fazem   na hora da estréia nascermos de novo. A estréia de uma peça pra valer é fruto,é parto de uma gestação muito concreta ,do que se conseguiu devorar de obstaculos d o que sobreviveu, do que foi mais forte e   que consegiu criar aquela massa de energia  exposta ao  publico , para com ele , crescer ao infinito.

 

 

ou havia outras intenções ? quais seriam estas outras intenções ?    

Sim, havia. Queriamos fazer um texto que todos nós tivessem bons papeis que   nos possibilitasse uma experiencia radical dentro

de Stanislawiski. Tinhamos já desde a estréia do Teatro trabalhado  muito o Metodo. Com Eugenio Kusnet ator russo  mais velho que nós  e tinha trabalhado  com Stanislawiski na Opera. Era baixo profundo e desenvolveu no Oficina nesta epoca um Estudio para atores professionais

se dedicarem a estudar cenas que tivessem dificuladades nos espetaculos que trabalhavam nos varios teatros de Sampa. Kusnet era um mestre excepcional, mas tal;vez mais brechtiano . Consturia verdadeiras arquiteturas de personagens momumentais, tal a riqueza na ocupação do espaço por sua capacidade de espacialização de   corpo, e pelos detalhes que seus sub textos interpretativos criavam para a psersonagem, trabalhando com um amoralismo absoluto, sem julgar a personagem. Fazia o Velho Bassemonov, o pai, e era ao mesmo tempo uma pessao que por mais que você odiasse você não podia deixar de se apaixonar  pela   grandiosidade e complexidade de sua mesquinharia virada deusa.

Trabalhavamos tambem a linha americana do metodo ,mas acabamos inventando um stanislawiski nosso, com muita improvisação , um pouco da dialética tragica , sem sintese, da contra vontade, do “eu preciso”, com  que Sartre   nos alertava. Na escolha, alem da vontade , do desejo, categoria fundamental do querer da personagem e do proprio ator que o Freud do Teatro: Stanislawiski  reiterava traziamos a contra vontade, o preciso. A Luta entre o quero e o preciso , o desejo e  o interesse, sempre contraditória mas estimuladora do movimento interno da ação dentro de cada peronagem , de suas relações entre si e  com o publico.Mas  o que foi coroar mesmo o nosso metodo foi o encontro a  Marlom Brandon brazyleyra: a  cantora Isaurinha Garcia, sambista da velha guarda, com sotaque acentuado paulista italianado do Braz, uma diva italiana de opera,  sambista de corpo inteiro .No  começo dos anos 60, apaixonou-se por um grande tecladista da Bossa Nova Walter Wanderley e entrou na batida da bossa nova, a unica cantora de sua maravilhosa geracão. Isso introduziu no seu canto, uma quebrada,  que era a materializacão   da vontasde e da contra vontade. Ela ficava com um pé com seu saltinho alto, era bem pequenininha,  fincado no chão e o outro no ar, recebendo tortoe elétrico o suingue quebrado da bossa.Os  braços e as mãos  desarticulados abertos em contradiçao sambada, ido para direções antagônicas.O rosto muito bem receptivo a luz, de uma grande Palhaça,  parecida com uma Giuleta Masina misturada com Michele Morgan.Uma    interpretação absolutamente viva, crúa e trágica. Era a energias orgônica

Da vida sambando, sem clichês em feitio de uma oração de incorporação ,de macumba, plena posse de sua possessão. O Teatro de Stanislawiski no Brasil estava ali. Ela influenciou muita na mistura vida- arte, a grandeza de os “Pequenos Burgueses.”

Nós no fundo queriamos fazer “A Gaivota”, mas não nos achavamos a altura das sutilezas e da grandiosidade do texto do grande Tchecov , escolhemos o que estava mais ao nosso acance e deu certo.

 

Como aconteceu a criação do Teatro Oficina ? 

Nós   tinhamos desde a Faculdade de Direito criado o Teatro Oficina, um pequeno organismo dentro de um programa Imenso de uma Chapa Estudantil que concorria a presidencia do Gremio, e tinha uma  posição anti colonialista.  Não queria submeter-se nem as normas do colonialismo do PC , nem a dos liberalismo americano  e buscava um  caminho proprio. A Chapa politica acho que perdeu as eleiçõe   para os liberais, pois a Faculdade era tão   conservadora que quis  impedir uma  visita do Presidente da Republica   Jucelino Kubitschek á  Faculdade  porconsiderea-lo  muito esquerdista.

Mas nessa chapa politica , o que tomou conta de tudo foi o Oficina.

O não  dito, do especifico do que estava acontecendo, parecia não se conseguir exprimir noutra linguagem que  a do teatro, da musica e do cinema.  Todos queriam criar coletivos de Teatro, porque o Teatro passou a ser um Poder no Brasil destes anos pré revolucionários. O poder do Oficina então conseguiu alugar um Teatro onde haviamos estreado com  “ Vento Forte “ e apresentado “A Engrenagem”  de Satre,metafora das revoluções engolidas pela Engrenagem do Imperialismo, peça montada para tentar impedir a vitoria   de Janio Quadros  que acabou vencendo as eleições e depois renunciou. Tinhamos nos formado em  direito era a idade da razão. Nos    profisionalizamos como Empresa de Teatro. Alugamos esse teatro espirita mesa branca kardecista diretamente de seu propietario. Os espiritas levaram tudo embora:  palquinho, cortinas pretas , privadas, pias, nos deixaram um barracão vazio , o que foi  ótimo. Em 8 meses inventamos e levatamos um espaço cenico de duas plateias se confrontando frente a frente com  palco na  area no centro. Tinhamos a intimidade do Teatro de Arena e a possibilidade de “arquitetura cenica” , mais interessante ainda que a” cenografia “ do TBC, teatro criado por um empresario italiano, que chamou diretores europeus do apos guerra da geração de Fellini, Visconti, Stheleer, Zimbinski um polonês o ,mais extraordinario deles e criou uma companhia nos moldes das americanas e principalmente  das européias   para Burguesia Pialistana. O nosso movimento ganhou seu chão.Acho que o instrumento de trabalho do teatro como do agricultor é a terra, um chão,em direção a um trabalho de destruição dos clichês  pequenos burgueses do nosso corpo   anos50, e cultivarmos outra anatomia mutante .Asim começamos a   caminhar  com a revolucão brasileira e a punjnaça do Teatro em São Paulo, numa posiçãoque não era a do Teatro de Arena , ligado a encontrrar a imagem do homem brasileiro do povo em oposição ao burgues do TBC,  nem a do   TBC.Era uma terra, uma Oficina,( a bigorna era e continua sendo , nosso simbolo) para   dessublimarmos  de ideias pré-estabelecidas de homem burguês ou proletário e deixar rolar a energia do  corpo forja ,eros,  pta alem da sociedade de espetculos divida emclasses, raças, faixas hetarias, sexuais etc.

 

quais eram as pessoas que trabalharam no teatro oficina ?

Jovens de 20 anos como Renato Borghi, Ronaldo  Daniel, que   foi para a Inglaterra tonando-se um dos diretores mais prestigiosos do Teatro inglês  do Royal Shakespare , como diretor :Ron  Daniel, a diva Celia Helena, uma   das atrizes mais vibrantes no silêncio a  percorrer a cena levando com ela todo o estado cenico para todo espaço, extraoribitando a arena central.Lembrava muito a grande diva Delphine Seryg.Eugenio Kusnet, já acima citado, Madame Morineau  um mostro de Teatro que veio para o Brasil com Jouvet e se apaixonou por um brasileiro e por aqui ficou, criando sua propria Companhía  no Rio, levando Trag´´dias gregas,  Cocteau, Tenesse Williamns, e veio nesta epoca trabalhar conosco. Ensaiava descalça, fazia macrobiótica , quando ninguem sabia o que era isso.  e era uma artaudiana, com muito  carisma .Mulheirão  alto,  mãos gaulesas enorme, que tiravam a dor da cabeça  das camareiras. Ela e Kusnet nos transmitiram tudo de mais forte que o Teatro europeu tinha que nos dar. Havia ainda dois grande atores Raul Cortez, hoje um dos mais populares aores de Teatro, cinema e TV do Brasil, Fauzi Arap hoje diretor, mas o maior ator de sua geração. O Primeiro a exprimentar o acido lisérgico e começar a apliacar na sua interpretação no teatro. Itala Nandi, grande atriz da primeira fase de ouro do cinema Brasileiro, Etty Frazer,   lider hoje do Teatro no Combate ao AIDS , e é imposssivel dizer todos os nomes ,  porque a partir dos anos 60 até o Rei da Vela e mesmo depois, quase a maioria dos atores brasileiros passaram pelo Oficina

 

quando foi criado ? 

inaugurou dia 16 de agosto de l961, dia de Omulu, o Orixa das curas. Houve neste dia a inauguração do Teatro Sanduiche(   duas plateias frontais  com os atores no meio como  o recheio do sanduiche)  com “ A Vida Impressa em Dollar “ de Cliford Odetes, do Group Theatre de Nova York . A peça foi priobida pela Censura e o teatro Interditado no dia seguinte. Quando Janio Quadros renunciou , dia 25 de agosto, fomos liberados e tivemos anos de vida tranquila até o Golpe de 64.Daí o incendio Terrorista de Direita de 66 a reabertura do Teatro que levou um ano e meio pra ser construido do arquiteto artista Plastico,diretor teatral e gênio,Flavio Imperio e Rodrigo Lefevre onde estrou o “ Rei da Vela” em 67.Depos houve  Exilio, o retorno, a contrução do novo Teatro de Pista, passarela parecido como Sambodromo da  divina arquiteta italobrazyleyra Lina Bo  Bardi e Edson Elito : oTerreiro Eletrônico. Agora,  estamos no encaminhando para o quarto Oficina, o do Teatro de Estadio,cercado por uma Oficina Uzina de Florestas, campus de uma Universidade de Cultura Popular Orgiastica de Mestiçagem Brazyleyra.

 

A peça NA SELVA DA CIDADE  foi um sucesso também ?

Insperado sucesso de uma peça que durava quase seis horas, das mais complexas do jovem Brecht mas que teve sua temporada interrompida por divisões internas do grupo , ligadas ao fim da luta armada no Brasil ,    nesse momento de dissolução  , tambem captado pelo filme “Prata Palomares” ,  produzido por Itala Nandi sobre um dois guerrilheiros que escapam de um massacre .Um  deles continua na guerrilha e o outro  parte para  o desbunde. Esta peça anunciava essa dicotomia acontecida  no Brasil.

Ou a luta armada ou a loucura.

Ou o Teatrão ou a continuacão do que emergiiu com Roda Viva e Rei da Vela em condições cada vez mais inibitórias pela ditadura depois do AI5.

 

 

qual a interferência que esta peça fez no Brasil daquela época ?

Depois do AI 5 e do ataque aos    atores de “Roda Viva “ de Chico Buarque de Holanda que dirijí em 68, organizado por um grupo paramilitar , o CCC, Comando de Caca aos Comunistas , através  da Operação “Quadrado Morto” .Assitiram  a peça quase 70 vezes e num atque de  poucos minutos destruiram todo o equipamento do Teatro e bateram nos atores. Isso em São  Paulo. Assim mesmo a carreira continuou com sucesso de cercar quarteirão.De SP   segiu para  Porto Alegre   onde só teve um dia de apresentacãpo.No  dia seguinte o Teatro estava tomado pelo Exercito que cercou o Hotel dos atores, espancou-os, raptou o casal de protagonistas ameaçando de curras, e botou   de volta num onibus para São  Paulo, não permitindo nem aos    advogados de Porto Alegre se aproximarem   dos atores cercados  .

O Galileu de Becht estrou no dia 13 de dezembro de 1968, dia do  AI 5. Juntou o  o Coro do Roda Viva com o  elenco de O Rei da Vela. Começou uma luta interna muito grande entrer o coro de vinte anos,  a geração de 68, e a minha, dos protagonistas que tinham já 30 anos.

Sempre escolhiamos peças  que inteferrissem no processo politico cultural, mas no momento a censura já  tinha percebidos nossas astúcias   e não liberava mais nada. Decidimos então fazer uma peça para nosso simples

prazer, uma peça dificil, complicadissima, hermética , por isso mesmo atraente .Mal sabiamos que estavamos lidado com material explosivo entre nós mesmos . Todas as contradicões das duas geraçõs a de 68 e a dos inicio dos anos 60, foi posta num rinque de box. E a peca teve um impacto tremendo porque nela já  se combatia a “Viagem de Volta”, o grito parado no ar, que foram  as peças   que os atores que sairam do Oficina foram fazer. Quer dizer havia um grupo que queria ir na linha progresiva,descoberta com o “Rei da Vela “e outros   acuados pela ditatura escolhiam, voltar ao palco italiano e ao teatro de protesto dentro da sala de visita do inimigo.  Mas a peça alem de tocar no drop –ut , no desbunde ou na continução da luta, encantou principalmente por sua beleza cênica extraordinaria.

 

Porque você escolheu montar NA SELVA DA CIDADE ?

A cidade de São  Paulo como todo o Brasil, passava por uma recocontrução urbana impregnada de Agarofobía.

Não poderia mais haver praças vazias, para não  se juntarem multidões. Todas as   praças vazias e grandes como a Praça Roosevelt de São  Paulo, até ao Largo da Camara onde eu empinava os papaagaios em Araraquara, a Praca da Sé no Marco Zéro de São Paulo foram entulhadas de concreto de jardins de cimento para as pessoas jogarem tocos de cigarro,  etc mas na realidade para obstruirem  o espaço live.

O Bairro do Bixiga , onde está o Oficina ,   é no centro de São Paulo um Bairro que tem uma vida comunitaria popular, com muitas cabeças de porco onde moram negros, italianos, nordetinos e muitos artistas, quase todos os teatros desta epoca lá se loalizavam, assim como  cantinas itaianas.Era  um Centro de mistura da Cidade inteira, que para lá ia fugindo de seus apartaides pobres ou ricos.  Com a Ditadura resolveu-se dividir ao   meio o Bairro ,contruindo uma especie de Muro de Berlim: O Minhocão , um viaduto que  tem até o nome de um dos presidentes ditadores.Lina Bardi arquiteta   , tinha trabalhado   com Glauber na     Bahia.Glauber achou que   seria erfeito ela trabalhar  comigo e foi .

Nos apixonamos. E Ela começou por trabalhar com todo o licho da construção do Minhocão  em frente,jogou tudo dentro do Oficina.  Colocou um Rimque de Box no Centro do Espaço, publico em arquibancadas, paredes cobertas de madeira crua como de uma obra, uma escarradeira enorme de cimento , e em cada Round dos 11 da peça, uma instituição ia sendo destruida pela Gang de Shlinck que queria comprar a opinião do Rimbaud Garga, que não queria vindê-la , como a juventude de 68   .Então a  gangue de Shlink derstruia toda a livraira, como o CC havia feito com “Roda Viva”, assim em cada round fisicamnete era destruida a Fabrica de Sh link por Gartga, a casa modesta de seus pais que iam para a rua, o bordel, tudo tudo …no final sobrava ao laco do Rinque um amontoado de cadeiaras,   móveis quebrados,que tinham que ser reconstuidos pelos maquinistas em cada apresentação.  As  duas personagens nas cenas  finais se encontravam numa região deserta dos suburbios da cidade no rink em ruinas ,tentando se comunicar , durante 21 dias. Até  que   destruiam  o proprio chão  do Rinke para  chegar  a terra do teatro, mais até seu  sub solo . Buscando a comunicação sem conseguir, nem depois de ter destruido tudo que os separava.  Este trabalho por sua arquitetura arrojada, deu origem ao atual  Teatro Oficina Uzina Uzona ,terreiro Eletrônico de Lina, e á montagem de “Os Sertões.” Lina dizia: lembrando o maio de 68 em Paris e Rimbaud, “En dessous le pavet il y   a la plage”, os sertões estão  aqui em baixo dos nosso pés é so tirar  o cimento.

 

Qual foi a inovação desta peça ?

A arquitetura cenica anunciando o Teatro Pé na Estrada, o  Terreiro Eletrônico , atual Teatro Oficina , o  Teatro  do Estadio e “ Os Sertões”

Para tentarmos nos comunicar alem das nossas  contradições ,    chegamos até as camadas mais profundas camadas subtetrraneas de nossa civilização ,  viajamos  na antropoloogia. Iamos percebendo que nnao era somente uma questão social  ou política, era  necessario ao teatro e a tudo ,   a reinvenção de uma civlização libertadora dos empasses sem saida do capitalismo e do socialismo, ambos dentro uma concepção ainda poisitivista que desconsidera os fatores subjetivos ,afetivos, energeticos e  encouraçadores de energia, os preconceitos morais,  como os que que agoram deram vitória ao Busch.

68 pedia nada mais nadamenos, que   mudança de civilização.

Continuamos a busca-la em nós mesmos ,em nosso propio corpo.

Foi a epoca de se estudar muito as couraças em nosso proprio corpo.Partiamos    para um trabalho de espatifá-las como faziamos com os    os moveis que quebravamos e coma terra que   escavavamos .Uma personagem , Garga acha uma bandeira comunista enterrada, o outro o Shlink uma  Caveira de Burro, que diziam  , os escravos do lugar( Onde é o Oficina  foi um  quilombo)  deixaram caveiras burro enterradas para que no lugar somente frutificasse o terreiro   de Libertas, a escrava liberta  macumbeira que ganhou essas terras de seu feitor depois da Abolição.

O lugara pedia a saida da mesa branca do espiritismo e pedia o retrono do    de terreiro.

 

Você considera que a cenografia era revolucionaria para época  ?  

Mais para hoje do que para a época.Com a restauração depois de 68, abortado e amaldiçoado como um bode do passado ,os teatros voltaram para a  quarta parede , as universidades para os auditórios, os pastores para o pulpito .O Teatro do Palco Italiano,voltou com o  Teatro do Deprimido que se faz nele hoje e para a decoração, o décor, a “direção de arte de marketing” , enfim para a  cenografia. Lina apesar de Italiana odiava o palco italiano e a palavra “cenografía”  Não  admitia essa palavra, nem eu,  e preferia o termo “arquitetura cêncica” para todo o espaço interno ocupado, aberto para o exterior urbano e o cósmico.

 

Você pode falar da relação com MAXIMO GORKI ? e com BERTOLT BRECHT ? 

Os dois eram comunistas. E os dois ótimos dramaturgos. O primeiro não chegava a ser um especime perfeito do realismo socialista. O maior charme das peças de Gorki são seus personagens burgueses, aristocratas, e outsiders, os bossiak,da “Ralé” (Les Bafonds) diante de pesonagens que não  são assim tão  bonsinho e heróis positivos como  por exemplo , proprio  o Nil de “Os Pequenos Burgueses” era uma  figura  vivas de  uma revolucão que exisitu com personagens fortes, alem do bem e do mal. . Nil é um bochevista radical, muito sensual e erótico ,até nietzcheano, com uma crueldade enorme com o “drama” . Já Brecht , que trabalhou inclusive uma versão muito bonita de “ A Mãe” de Gorki não entra na materia animista russa da revooução russa,clima ainda tchecoviano de Gorki.

Traz o afastamneto, a montagem mais rigorosa  e critica sem a identificação absoluta do publico com as personagens. Fizemos “Os Inimigos” de Becht de Gorki de uma maneira brechtiana. Deposi do Golpe de 1964, abandonamos umpoucoStanislawiski    com a Montagem de Andorra de Max Frisch, mais uma vez nos achavamos imaturo para ir direto a um Brecht e começamos a estudar o teatro epico via este autor suiço numa peça que em 1965 era muito  forte pois se tratava a caça do bode expiatorio: o comunista e a peça é sobre essa temporada de caça que baixa nas  sociedades que tem de transformar-se. Flavio Império concebeu um espaço cênico preto e branco no teatro   com a construção de paineis brancos altissimos  e carrinhos laterais que saim e entravam de cena,no teatro sanduiche. O pé direito alto utilisou para propaganda atraves de objetos brancos com luz por dentro, assim como nas paredes. Somente madame Morineau entrava de vermelho. Era a Estrangeira. A Montagem era muito grafica e rigiora, e desevolvemos uma interpretação enxuta , apolinea, centrada na demonstração da tese, sem perder em momento algum a emoção. Começamos a nos aprofundar em  Brecht  a partir de Andorra e depois com “Os Inimigos” .

 

Como você desenvolveu um trabalho criativo a partir das peças de Bertolt 

Brecht?

Elas somente foram montadas depois de Oswald de Andrade , então  foram   Brechts  a   maneira  oswaldiana, antropofagicos,   carnavalescos , ritualisados.

O Coro de “Galileu” ra formado pelo Coro de “Roda Viva” . Coro aparecido depois de  recalques de séculos e séculos de colonialismo , numa ressureiçcão pagã  que Camiglia Paglia notou muito bem no mundo inteiro em68. .Coros  de possessão de Macumba, de Candomblé, em contraste com as personagens protagonista do clero, que atuavam no estilo aterior brechtiano e satnislawiskiano. Toda a partirua de Hans Heisler foi vertida para o Ditirambo .   Gilberto Gil,começou a fazer o arranjomasnnao pode  continuar  porque  foi preso. Era um coro ritmico de possessão que na Cena do Carnaval do Povo tomava o espaço todo  instaurava o teatro anraquico do Ensaio Geral do Carnaval do Povo.  O Coro tinha sido  proibido depois da proibição de “Roda Viva”. “Galileu “ estrou  dia 13 de dezembro  de 1968, no dia da decretação  do Ai 5,  atráz de uma grade de ferro e os atores eram proibidos de olhar sequer para o publico, mas com o correr da temporada, o trabalho do Coro foi crescendo e as vezes burlava  a policia e a censura  e  intaurava o territorio  livre do  teatro de possessão , o que é chocante mas combina por contraste com o  o Teatro de Brecht . Já nas “Selvas da Cidade “, tinhamos lido Grotowiski e intepretamos a nossa maneira, coisa que ele ia detestar , porque não tinha nada a ver com o   acetismo dêle .Mas  gostavamos muito do conceito  de auto penetração e de levar a uma apoteóse a cena para  depois estruprá-la.

 

Podemos fazer uma reflexão que o teu trabalho criativo começou com um autor russo ( Gorki )  depois foi para Berlin Oriental com Brecht e chegou a Oswald de Andrade, QUER DIZER CHEGOU AO Brasil , explique para nos este processo criativo.      

Apesar de fazermos sempre toda esta viagempelo treatro do século vinte europeu, americano, russo, naturalmente nos já tinhamos João Gilberto no Brasil e faziamos tudo a nossa maneira, mas ainda com uma necessiade muito grande de se aparelhar das conquistas do teatro do Hemisferio norte  . O Encontro com o “Rei da Vela” foi o ponto de ruptura e descolonização,    de virada, de nascimento real  de nosso teatro. Sempre tinhamos apreendido que  o teatro brasileiro , começava com o Padre Anchieta fazendo a cabeça dos indios tupys.

Oswald estoura este limite. Tanto os índios como os africanos tinham seu teatro muitoenergético, presente  nos ritos    de iniciacão , nas colheitas, na caça, no culto aos mortos. Um teatro muito mais proxio Gregos, do Nô Japones, do  teatro de Bali etc.Oswald coloca a cena de origemdo Teatro Brasileiro na Devoração do Bispo Sardinha pelos indios Caetês.O Bispo partira de salvador para Roma para pedir ao    Papa, que  mandasse mulheres brancas para o Brasil, porque a mistura estava ameaçando a puresa da raça superior. Seu navio Naufraga , nos recifes do litoral do Nordeste, o Bispo é depido de toda suas sedas e veludos    e é devorado . Oswald marca esta cena com o a do inicio do Brasil. Escreve depois de 1922 , em 1928, o Manifesto Antropofágico , declarando-se “o primeiro pos moderno do mundo.”  Escreve pelo menos 4 obras primas para Teatro,

que não foram montadas em sua vida, porque o teatro brasileiro muito colonisado pela França, Portugal, Italia, Inglaterra,   l não tinha instrumentos para percebê-las  Oswald deixou Tratados Filosóficos , Romances,Poesias, ,que saem de suas paginas e invadem a vida de quem as lê e

converte  seu leitor bom mastigador em antropófago. A patrir de Oswald , você passa a ter uma filosofia que é a antipoda do pesamneto de todo Hemisfério norte.Morde o porprio canone ocidental e combatendo o Messianismo em todas as suas formas, seja na de    Paraiso socialista, ou      capitalista,  ou  no céu cristão  ou maometano aceita  a vida comofruição,pura  devoração alem do nem e do male se salvação.  No seu Tratado “ Do Teatro que é Bom” lança seu Manifesto por um Teatro de Estadio. Tudo isso estava  sepultado para minha geração que seria a dos netos dêle.Ele chamava os jovens que o cortejavamao mesmo tempo que o patrulhavam, de “chato boys”, “piolhos da revoloucão” e dizia que sua bola ia passar longe deles e ser apanhada  por outra geração. Não deu outra,   em 67 com a montagem de “O Rei da Vela,” “Terra em Transe”de Galuber “ Tropicália  “ do artista plástico Hélio Oiticica , e “Tropicália de Caetano Veloso , Oswald antenou a nós todos  e  nos fez conscientes de estaramos num  movimento: O  Tropicalista. É um sucesso editorial em 67 ,68, e passa a influenciar o cinema novo( “Macunaima “ de Joaquim Pedro)  , a musica,  a arquitetura, o comportamneto ,para depois com o a AI 5 ,ir sendo soterrados pouco  a pouco  outra vez, com toda nossa geração até a o inicio deste  milenio .

 

O que foi a SEMANA DA ARTE MODERNA ? Quais eram os objetivos daqueles artistas ?

Com a alta do café no mundo. SãoPaulo começa a se industrializar e Oswald que era um dos homens mais ricos da cidade,reune emsalões literarios os poetas de seu tempo. Ele e Mario de Andrade que era apaixonado por Oswald. Os dois conseguem juntar artistas da esquerda, da direita, do centro , interessados numa modernização da linguagem no Brasil parnasiano da epoca. Influenciados por Marinetti, pela Revolução  , pelo construtivismo russo , pelo surrealismo, por Picaso, redescobrem como este ultimo a Africa , a arte arcaica e primitiva e vem que isso noBrasil está vivo em cada esquina em cada canto do mato. Fazem uma Semana no Teatro Municipal , cover da Opera de Paris em São Pã e escandalizam a burguesia provinciana. Vila Lobos rege suas composições inciais de chinelos, porque estava com dor nos pés. Os poetas são ovacionados com tomates e ovos. Mas a a partir daí com a lingua falada,passando a ser a escrita , a poesia sem rimas, o olhar em volta de si começa a ver  o quer esta em volta. Começa uma revolucão cultural modernisadora. Com obras magnificas, muito ferteis sobretudo na poesia, e nas artes plasticas .   

 

Em que você se identificou com eles ?

Eu não era nem nascido, mas desde que vi pela primeira vez os quadros , as revistas,   me apaixonei pela beleza das novas formas, pela escrita joycena e concretista, pela fala falada escrita, pela linguagem viva brazyleyra,pelas cores,pelo rigor dos escultores,pela arte vida arquitetura e moda de  Flavio de Carvalho ,  desenhista maravilhoso que pintou a agonia da mãe. Logo depois a propria evolução dos modernistas , os separou  .Os da direita, nacionalistas,  formaram o movimento ANTA  que é um  bicho enorme e  muito lerdo, e os da esquerda , corifeados por Oswald descobriram no quadro deTarsila “ O ABAPORU” , a  Antropofagia. A  filosofía   vital da potencia do povo colonisando, devorando seus colonisadoers .  Tende a ser a cultura que vai devorar o puritanismo e o messianismo do capitalismo nos osso dias. Parec a unica alternativa a hegemonia dos monoteismos.  Todas as capitais do Ocidente estão  cercadas pela emigração arabe, africana, oriental,hispanca, brasileira.  Esses povos tendem a devorar as metropoles e se tornarem  a cultura dominante no mundo inteiro.Isso começou em São Paulo, Sampa, ou São Pã, chama como quizer, porque aqui erae é  a Torre de Babel, havia gente do mundo inteiro , mais os indios que não foram inteirmamente exterminados ,mas amestiçados , assim como os esvravos negros, os japoneses, chineses, europeus: “A  Contribuição milionária de todos os erros.”  Aqui começou mas hoje o mundo todo é uma Grande São Paulo. E as forças orgiasticas da mestiçagem aqui de quaquer maneira forammais poderosas, e criaram uma cultura de misturada  de devoração ainda dominada, mas forte e indestrutível.

 

Em que você se identificou com Oswald de Andrade ? O que você aprendeu com a obra dele ?

Eu reencontrei a Radio Nacional. Eu assumi tudo que tinha me deformado, o que havia de pior em mim, todos meus tabus, transformei em totens. O Colonialismo cria a noção de uma verdade unica , social, estetica, moral, sexual, e vem Oswald diz que somente a antropofagia nos une. Vá direto  aos Tabu, diz Oswald, sãoos pontos frageis do colonialismo, a começar pelo horror a antropofagia, pratica religiosa altamente sofisticada dos tupys, terror dos jesuitas e bandeirantes .O amor pela carne humana, a comprenção profunda deste ritual foi muito bem  estudada posteriormente por Pierre Clastre , jovem atraopologo francês morto precoccemente. .Oficina tem uns 9 anos sem Oswald depois 34 anos absolutaente influenciados por ele. Não somente no tipo de teatro que escoheu, mas na Arquitetura do Oficina , na de Lina Bardi que o adorava e principalmente na futura doTeatro de Estadio.Tambem sua   visão sobre a religião,  Carnaval, a Cultura como poder, etc.Ele e Nietzche são para mim os maiores filosos de terceiro oho do teatro e da vida, de  todos os tempos.

 

Por que você decidiu montar O REI DA VELA ?  

Porque estavamos depois do golpe de 64 perdidos , sabendo que tinha sido pensado antes não  era mais o mesmo . O pais tinha entrado em outra e era preciso descobrir o que estava acontecendo.

Pedimos a dramaturgos, cineastas, estilistas, artistas plasticos, para nos enviarem peças,  curtasmetragens, vestidos, trajes que sintomatizassem essa grande mudança que havia no ar , alias em todo mundo não  somente no Brasil, e iriamos fazer um espetaculo com essas constribuições todas. Mas nada que vinha nos revelava nada, Até que uma  leitura em voz  alta do “Rei da Vela” feita por  Renato Borghi num apartamneto da Vieira Souto em Ipanema para um grupo rezumido de amigos, revelou a potência inclusive retórica do texto que procuravamos. Estava ali, Havia sido escrito de 1933 a 1937, nunca tinha sido montado e  iluminava  todo momento que estamamos passando.Eu fui para a casa do filho de Oswald com sua primeira mulher , uma francesa, Nonê e me atirei no Bau onde estava toda a obra do pai.  Li tudo. Virei. Em um mês  e meio montamos a peça , ela já estava em nós. E foi a maior revolucão cultural que o teatro fez na historia do Brasil pelo menos. Pois não  ficou só no Teatro , se alastrou como  peste no movimento tropicapista que hoje se alastra no movimento mix, no mundo inteiro.Caetano Veloso e Gilberto Gil, são  seus divulgadores no mundo, mas cada vez mais aparecem estudiosos que querem saber de donde vem essa grandeza que é deles mas tambem de a libido  cultural que a cultura brasyileira tem a dar ao  mundo e que tem em Oswald sua maior antena.

O que você aprendeu com a montagem do REI DA VELA / ?

Que tudo é possivel em teatro e na vida. Que a arte tem poder, valor.Oswald escreveu um de seus primeiros livros de poesias , bem pequenininho, com o titulo parodiando as “Industrias Reunidas Matarazzo : “POESIAS REUNIDAS” e dizia que suas poesias eram mais poderosas do que as mega industrias de São Paulo de então.Eu acredito  inteiramnete .Porisso sua poesia nos faz derrubar paredes, construir teatros e agora se encaminha para o poder maior. Oficina é cercada de todos os lados por predios de um magnata da TV,um grande artista animador que foi um camelot : Silvio Santos.Todo o Bixiga quase é propriedade do seu grupo SS – Grupo Silvio Santos.Depois de 25 anos de luta,  vamos nos aliar e construir o teatro de Estadio sonhado por Oswald. Quando falo empoder falo em Poder de Presença Humana diante da Presença do Poder Maquínico .Poder das maquinas de desejo  como as do Teatro  Oficina diante das maquinas castradoras e de especulacão do capitalismo .   Oswald misturou valores do erudito e do popular , do brega do cafona e do requintado, do politico e do alienado, da retórica mais rigorosa e sublime a demagogía ,   do baixo calão , da eloquencia da vulgaridade, sem perder     grandiosa Poesia de toda a vida . Um M aikowsiki muito mais engraçado  .

 

Qual foi a repercussão cultural e artística do REI DA VELA ?

A de catalisadora de  uma Reviução Cultural.Pela  primeira vez viam-se as figuras dos quadros modernos , da literatura, da musica, incorporadas , num corpo de atriz ou ator,   na cena na cenografia , sim cenografia parodica de Helio Eichbauer, e de seus figurinos, trazendo nos seus tres atos cada qual em um estilo:opera, cubismo, teatro de revista, o visual mais marcante do triopicalismo . Foi para o Cinema, para  Moda,para a Luta Armada, para o desbunde, para tudo.Redescobria-se um Brazil,que apesar de colonisado, explorado, devorava seus dominadores e trazia intacta na vida de  seu povo o dionisismo, a antropofagia, o carnaval da grecia do Brasil.Essa revolução continua até hoje mas soterrada outra vez pelo AI 5 mas  que agora  no cinquentenrio da morte de Oswald, é retomada, assim como o embrião  castrado do 68 no mundo inteiro, que continuou por exemplo aqui no Oficina a ser sempre estudado, amadurecido e vivido sempre com a eternidade do seu o seu aqui agora.

 

O que voce descobriu culturalmentecom o REI DA vela ?

Que a Cultura é o fator de maior riqueza e poder do Brasil e que deve dirigir a linha do Banco Central.Felizmente nesse momento nós temos um Oswaldiano no Ministerio da Cutura :Gilberto Gil ,   juntamente com Celso Amorim nas relações exteriores, são as duas pesoas mais carismaticas e praticas      do Governo Lula .

Forte no sentidos da força da presença trans humana que vale tudo, e  que  o capitalismo nesta fase hegemônica   despreza até na figura  humana do propio capitalista . Seu    maior adversário não é a ONG terrorista    Alkaida, mas a mas a propria vida que não sabe mais  sabe nem capitalisar e que joga fora, exclue, ignora ,extermina.        

 

Logo depois veio o golpe militar e você teve que se exilar do pais  , quais os problemas politicos que você viveu nesta época? Você chegou a ser preso ?

O Teatro reexistiu até 72, 73. Neste ano no Reveillon montavamos “As Tres Irmãs “ de Tchecov e a meia noite entravamos no terceiro ato da peça que começa com um  incendio na Cidade. A peça era montada como uma mandala e tinha agua, na primeira parte, ar, na segunda, na terceira fogo e na ultma terra. O fogo foi saudado com um incendio de tochas por  todo espaço do teatro,na rua, pelo   Coro de “Roda Viva “ e  ”Galileu,” saudando o ano novo,  o que foi interpretado por  meus colegas colegas da minha idade como um desprezo aos tres sinais  habituais de dar inicio a um ato de um peça no  teatro. No Final o pubico invadiu  a cena e minha geração abandonouo teatro. Meus  cabelos ficaram brancos emdois dias como da Rainha Margarida de Shakesare. Dei um tempo , mas logo tive de expulsar uma pessao que tinha alugado o Teatro Oficina, para fazer Teatro Civico para o Governo da Ditadura. Passamos a morar no teatro e a vivermos em Comunidade com um grupo que publicava um jornal naníco chamado Bondinho, que tinha sido fechado então  criaram  outro chamado EX. Viviamos de trafico, de venda de cartazes , depecas representadas clandestinamente, e estavamos muito comprimidos. Até que o Teatro foi invadido  pela Policia quando eu trabalhava na montagem de “ O Rei da Vela”  filme , e presas aspessoas que lea estavam. Acabei sendo  preso e torturado por ter abrigado pessoas da luta armada casa onde morava  no Rio. Minha irma tinha uma relacão com um Ministro do  Tribunal Militar que  me deu fuga e fui para Portugal com todo o grupo perseguido no Brasil , saindo  clandestinamnete, e levando todo acervo,arquivo  do Teatro, latas do filme “O ri da Vela”   que sairam   pelo Consulado Francês de São paulo para Lisboa.

 

Fale dos paises que você buscou exílio ?

Primeiro foi Portugal em plena revolução . Chegeui no dia em que o general Spinola  , uma figura de direita   abandonava o  poder que era então  entregue totalmente a revolucão. Fomos nos encontrando com os que  vinham doBrasil, muitos com bebês de meses,   fomos morar numa casa que havia sido da Pides, para Torturas. Mas a casa era muito confortavel . Tinha 3   andares , onde instalamo-nos como a Comunidade Oficina Samba. Veio gente do mundo todo. Toda a rebordosa de 68 foi pra Portugal. E assim como pude participar de maio de 68 em Paris, porque estreamos a peca “O Rei da Vela” primeiro emNancy no Festival dirigido por Jack Lang e depois em Partis no dia das250  barricadas ,pude outra vez, ver como um povo que emerge é inteligente  e como imediatamnete sua energia armazenada  ocupa fábricas, fazendas e se organiza de uma maneira  original, engraçada e vigorosa.Ví  todo o trabalho de democracia diereta do grande general Otelo de Carvalho , vi não , participei, participamos. Os exilados brasileiros nos estranhavam porque dançavamos samba na Praca do Rocio, e eles ficavamenvergonhados , por eramos desbundados, voiajavamos de acido,  e faziamos espetaculos que as multidões  deliravam. Fomos denunciados e cortados do apoio incial que tivemos. Não nos tiraram a casa. Depois a revolução ficou nas maos das hierarquias mais baixas e iamos para as fazendas  ocupadas nos tanques em que os soldados do movimento de  “  soldados unidos vencermos”  no transportavam, trocando nosso travalho por viveres. . Durante esse tempo trabalhamos tambem na TV portuguesa aberta ,   ao vivo 24. Montamos um filme sobre os nove mêses da revolução   com materiais de arquivos em que fomos   os primeiros a ter acesso.  “ O Parto” .E seguimos para  Moçambique Celso Lucas e eu para filmarmos a Independencia da excolonia portuguesa , passando a morar la depois  que voltaram os retornados das colonias a Portugal.  No  dia 25 de novembro de 1975, pela TV, um  sargento estava falando na RTP, quando de repente corta a trasnmissão de Lisboa entra uma vinda do Porto com a  imagem da Columbia Pictures  apresentando “The Man who came to dinner”   Duas semanas de enlatados. A revolução tinha sido golpeada. . Perdemos a casa, voltamos a Mocambique , onde o Miniestério da Informação nos mandou      paraLondres , para terminar a montagemdo filme “ 25 “ .depois seguimos  para Paris onde fizemos uma versão de 90 ‘ para o INA  exibido na TV . O filme foi um sucesso extraordinario em Moçambique, mas   os dirigentes do Instituto de Cinema de Moçambique , dirigido  por portugueses que queriam realizar um cinema burgues, ficaram muito enciumados e fizeram tudo até consegui nos expulsar de lá.  . A  Frente de Libertação de Moçambique, popular   nos apoiou  mas acabamos tendo de voltar para a Europa.Ficamos em Paris.  No festival de Cannes de 76, exibimos o “ 25”    e eu encontrei com o diretor da Embra Films que me disse que no Brasil estava havedo a abertura e que toparia montar o “Rei”.  Ficamos emParis esperando chegar o momento de poder legalmente voltar.

 

 

 

Como foi viver no exílio?

Foi duro porque estavamos sempre ligados os movimentos  mais a esquerda, nos acampamentos dos africanos , e não conseguiamos nos adaptar ao teatro e ao meio culturalde então  que era muito careta. Eu preferia meus amigos e a marginalia politica e cultural da França aos  instituidos. Era uma vida boa, viver no meio de pessoas da extrema esquerda,loucas,  morar nos squatters em Londres, eramuito divertido. O que  não acontecia no chamado meio cultural .E tinhamos participado de duas revoluções, não  desejavamos perder tempo com  a enrolação desta epoca nos meios sociais democratas. Aguadavamos ansiosos a volta ao Brasil.Com o dinheiro ganho na TV , fomos pra Grecia viajando pelas ilhas, dormindo em cavernas, na praia, e indo aos teatros de Dionisios vazios, sem ver peças era fim de verão e lendo alto “Os  Sertões “  nesses  teatros  maravilhosos onde sonho levar nossas “Bacantes”.

 

 

Você continuou fazendo teatro ?

Somenteem Portugal, assimmesmo um teatro relativamnete fraco do ponto de vista estético,  mal estrurado pela militancia excessiva, falta de recursos. Então  me dediquei mais ao cinema.

 

Você encontrou muitass dificuldades para continuar se expressando artisticamente ? 

Fizemos “Galileu”  Galiei em Portugal e traziamos todo nosso acervo, nossos filmes que chamavamos de”Discuros do Movimento” , como os “Discorsi” de Galileu que tiveram de atravesar a fronteira da Italia e se refugiar na Holanda por causa da Inquisição.  Sabiamos que queriamos continuar o que haviamos iniciado no Brasil , mas era dificil porque acabavamos nos metendo nas revoluções o que não  me arrependo pois só  me trouxe sabedoria, agilidade, prazer. Mas os tempos nos paises parados era chato. Fui convidado por um frances exilado pela corte francesa para  no Teatro de Bochum    fazer  “Galileu Galilei”    mas o Brasil abria.Eu fui sabendo  aos poucos que somente no Brasil conseguiria   fazer o trabalho de teatro que me propunha .   Ia ser muito dificil mas não haviaoutra hipótese. Somente  depois de ter conseguido o resultado minimo dos “Discorsi,” poderiamos voltar a Europa  e mostrar  nossa trabalho como aconteceu este ano com “Os Sertões “na Alemanha.  Então voltei com a abertura para o Brasil achando que ia acontecer uma revolução no Brasil.

 

Fale da tua relação com o CINEMA NOVO e COM GLAUBER ROCHA  Era amississimo de Glaber, sintofalta fisica da presença deleque sempre me estimulou  a mim e a todo mundo que fazia cultura noBrasil. Eu dediquei a peça “O  Rei da Vela”  a ele,   queria muito filmá-la  , mas veio a repressão do AI 5 e tivemos todos de nos exilar mais cedo ou mais tarde. Fui me encontrar com ele em Roma  em 1970, e depois  de   exilado  emParis em 1974.Quando estive preso ele mandou para o Governo mitar brasileiro um telegrama assinado,por ElizabethTaylor, Jacqueline kennedy, Marlon Brandon etc e milhares de celebridades da epoca que ele mesmo logico forjou. Mas tee muito impacto no Brasil e me ajudou a sair do pais.   Iamos muito aos cinemas e ele comentava os filmes em voz alta para todo o cinema ouvir. Voltamos na Abertura, Ele e perdeu a irmã Anecy e tivemos  uma especie de rompimento porque ele teve uma crise de  hoomofobia. Mas escreveu “ A Revolucão do Cinema Brasileira”  em que toda a segunda parte do livro é dedicada aos paulistas com   dicas para mim em todas as paginas. Quando ele morreu eu tinha feito uma entrevisrta para uma revista em que eu estava irritado com ele e dizaia “Glauber tem que dar esse cú”.

Era  difícil ele queria uma intimidade e  conversas que duravam a madrugada    e tinha um preconeceito muito grande com viado. No dia seguinte fui ao enterro dele ,fui o ultimo a falar e me desculpei de não  ter brigado  com ele publicamente, porque em suas provocações, mesmo nas homofóbicas  havia uma genorosiade imensa ,  uma maneira de sair da solidão e criar pensamentos novos entre contrarios. . Eu fui um boçal, por ter poupado essa discussão comele em vida. Mas no enterro fui o ultimo a falar antes de fechar o caixão disse, “ parem eu quero falar” e falei .Me aliviei e conquistei a simpatia e o amor da familia toda dele , De Dona Lucia, de Paloma, de Paula, E agora de seu filho o genial cinesta filho de Galuber e Paula  Caetan: Erci Rocha

 

Qual a diferença entre o rei da vela  PEÇA DE TEATRO E O REI DA VELA FILME ? Antes de Noilton Nunes e eu partirmos para a montagemdo rei da Vela, nos tiramos um master com todo material filmado e deixamos premontado o primeiro , o segundo e o terceiro ato da peça tal como foi montada no Teatro. Hoje há muito ineresse em se conhecer a versão  teatral que foi extremamente bem filmada por Carlos Asberto Hebert e Rogerio Noel(Falecido) com Som direto muito bem feito por um Seu  Riva, tambem falecido.

Nossa montagem minha e de Noilton começa pelo fim da peça e numa montagem não linear fomos ao mesmo tempo que ,juntando todo o matertial filmado em 1971 -parte n Teatro João Caetano durante uma temporada da peça no Rio e parte em externas, na Semana  de Pascoa deste mesmo ano-inserindo   a propria luta  emtorno da  preservação do filme e do que ele significava como link entre o trabalho passado e o futuro . Tivemos no Oficina uma coisa rara .Morremos uma epoca totalmente como Grupo visivel, vivendo uma vida subterranea louca,criativa , mas no completo ostracismo, mortos.  Depois ressucitamos mais fortes do que no primeiro nascimento.  “O Rei da Vela”  foi o elo de ligação entre essas duas vidas. Ao  meso tempo Noilton tem até hoje lutado para fazer um filme sobre Euclides da Cunha na Amazonia, “ Uma Legenda Dourada” na epoca o projeto chamava-se “SemFronteiras”.     Ele como eu tinha material de familia feito pelos pais e cinha de  uma Tragédia : a morte do pai, da mãe, do irmão , num desastre automobilistico. Misturamos nossas paixões  e energias e montamos uma mandala apaixonada,por tudo que se passavaentre nós e por tudo que cada um de seu lado tinha vivido.  Demos nossas vidas, misturamos no filme os dos nossos pais, nossos desejos, tudo ao”O  Rei da Vela “ pra que ele tivesse  a vida vivida vinda da nossa paixão pelo  cinema, por nos mesmos , pelo Brasil que começava a sair da ditadura. .Acho que o filme a cada ano que pasaa ´´mais rico , porque foi tecido na montagem com   rigor ,  liberdade e ispiracão. As vezes choravamos muito namoviola. É  uma  tapeçaria de uma ligação muito forte  numa epocas dificil do Brasil emque Abelardo II subia  ao poder na abertura lenta, gradual e restrita e o povo,comtinuava na  Jaula,

sob o dominio de Mr. Jones. Foi proibido pela censura, Liberado para o exterior. Foi para O festival de Berlim. Teve uma exibição suntuosa na Cinemateca de  Paris. Foi para a India, e muitosoutros paises,  mas nunca teve um lançamento normal,comercial aqui no Brasil.Quando o filme ficou pronto a Embrafilmes estva amuito empobrecida a pomto d fechar como distribuidora. Conseguimos commuito custo um lançamento no Rio . Pai  Gilberto, um pai de santo,nos apoiava  e   nos orientava a fazer um trabalho para  Exú pondo todo dia na Embra Filme um depacho na portaria. Até que cedessem.Ecedeam.Concordaramemcomeczar a pensae em distribuir.  Na estréia do filme organizamos um Bori, uma refeição de candomblé em que se comem todos os deuses. Pai Gilberto prparou para   para 300 pessoas. A comida fica no chão emfolhos de bananeira e palmeira. Um ofice boy do Oficina entusiasmou-se muito e soltou um rojão  que  explodiu um carro Wolksvagen estacionado na porta. Fomos todos presos no cinema.Uma parte do publico ficou de dentro e outra de fora  e nós os diretores fomos terminar a estreia na delegacia de Copacabana.Mas o filme foi exibido muitas vezes e cada vez com mais sucesso. No dia do cinquentenario de Oswald ele foi exibido no C INE SESC em S.P. com uma copia que tenho a 22 anos, com legendas  em inglês e foi umarrebatamento, Animei-me me fazer a reamsterização do filme para colocar o som em 5 ponto um para levar para a França.Estou    tratando  disso agora no Brasil.Pois o filme é um painel desta cultura  mestiça e orgiastica em ascenção e merece este trabalho. A trilha sonora é muito rica e vale ter o somque a revolução digital inventou. Aí,vamos lança-loem DVD .

 

você chego u a trabalhar com o Glauber ?

Não no sentido estrito do termo, mas trabalh todo dia acho , nunca deixo de pensar nele é um Muso    como Oswald talvezo mais mais queido,porque convivi com a pessoa adoravel dele.

 

 

Atualmente – Você considera que o Governo do LULA tem uma visão da cultura integrando o fazer político ? 

O governo nãosei mas o Ministerio da Cultura , o das das Relações exteriores ,o das Cominicacões ,sim.    Gil sabe que a cultura é o que temmais forte no Brasil, como industria,como prazer de viver , e como o que dar ao mundo. Ve tambem como um poder e luta tenazmente para aumentar   o orçamento da cultura,não somente no  Governo e mas nas empresas privadas.  .O que é uma Gloria, porque num  governo de esquerda tradicional sempre se coloca burramente a cultura como um luxo superfluo  diante dos problemas sociais e eonômicos  . Gil sabe que somente com investimentos grandes na     cultura que os vamos conseguir tornar o pais rico e superar o problema da dependência ao FMI , as dividas sem fim que aumentam ao infinito , que nunca conseguiremos pagar ,nem aos juos, como eu sei tambem que somente com a cultura vamos promover uma nova e necessaria abolição da escravidão  descriminalizando totalmente as drogas e seu  e seu trafico no Brasil. A Guerra do Narcotrafico   interesa aos   americanos é causadora de uma guerra civíl no Brasil que envolve e sacrifica sobretudo os negros , os favelados , as ciranças e os adolescentes.  Essa liberação correponderia a uma real Abolição da escravidão e é um asunto de  ordemcultural. Somente um pais que reforce sua cultura complexa, não dualista,não puritana chegar a realizar com coragem esta media tão necessaria. A cultura hoje no Brasil é a unica arma que temos contrta a violência.

 

Você recentemente falou que o PT  não leva em consideraç/

ao  a nossa historia do Brasil , o quew voce quer dizer mesmo com esta afirmação/ ?

Acha que a historia dos trabalhadores e criadores  do  Brasil comecou com a Wolkswagem. Renega o Trabalhimso que foi importantissimo para a evolucão social brasileira, assim como todos os movimentos de libertação do povo que estão fora  do sistema e da  a aristocracia operaira de onde o PT nasceu. Felizmente mantem um elo ainda forte com o MST, o movimento social mais fote do pais. As vezes é o Partido do Empregado.mas evoluiu muito neste sentido. Lula foi se assumindo alem de operario, como  sertanejo   pernambucano nascido em Caetes, no lugarejo  da mesma tribo de  indios que devoraram o Bispo Sardinha. Isso e muito bom.O PT  tinha  muita influência da Igreja Catolica e dos Partidos do chamado  Centralismo Democratico de esquerda, isso levava a uma compreenção de cultura de aparelho . Mas mudou   pela adesão de  importantes   intelectuais e artistas.Agora na  fase governista sua uta  pela governabilidade o tem  tornado   parecido com os   outros partidos .

Mas o  fato de Lula ter posto Gil no Ministerio , fez com que muita coisa  mudasse.

O PT e o PSBD são  os partidos hegemonicos do Brasil eé preciso um trabalho muito grande entre nós os proprios artistas para compreendermos nosso poder, nossa grandeza.Fomos convencidos que nãoa  somos nada pelo capitalismoe pelo anti-intelctualismo dos aparelhos de partido. Acho o teatro a ante camara da politica. Pois é a arte que desenolve o poder da presença humana , individual e coletiva e não  estranha nada que é humano. Tem muito desenvolvido o    sentido critico sem deixar de ao mesmo tempo cultivar o delirio, osonho e a realização das Utopias . O politico e´um ator do poder humano, capaz de resolver coflitos como o do oriente medio por exmplo. Mas tambemse desvalorizam muito e se acham uns nada.

 

Em que você está trabalhando nest momento ?

 

Estou concluindo a montagemde “Os Sertões”, iniciada em 2000. estreada a primeira parte “A Terra” por ocasião  do centenario do Livro em 2002.

Em 2003, estreamos ,”O  Homem” , parte 1-do Pré  Homem a Revolta e “ O Homem”  parte 2, da reolta ao Transhomerm .Fizemos  temporadas no Brasil e estivemos na Aleman  com um sucesso extraorinario numa fabrica de armamanetos da a antiga Krupp. O espaço cênico do Teatro Oficina    foi totalmente reconstruido o que teve um significado de reparação. Alemanha   enviou essas armas para massacrar Canudos  em 1897. NO mesmo local, motamos as primeiras tres partes de “ Os Sertões”.

Há dois dias atrz depois de quatro meses no computador  acabei de  escrever

“ A Luta” a maior parte o livro que deverá estrear em fim de março de 2005, no Teatro Oficina . Pretendemos remontar todas as peças que compoe o livro, de quarta a domingo .O espetaculo toda tem 5 jornadas de pelos menos

5 h,30’ de duração media para cada parte. Acho que e´o Guinnes do teatro.  Estamos  tendo muito sucesso com a montagem. Nosso teatro decidiu  montar  esta peça quando surgiu a ameaca    de sermos  cercados por um shoppingCenter do Grupo Silvio Santos. Nos somos em 100 pessoas no elenco entre atores, musicos, web camaras, pessoals de circo e quarenta crianças do bairro que fazemparte de um programa social chamado Bexigão. A Montagem da peça comeoveu nosso vizinho Silvio Santos que veio nos visitar sosinho sem a familia que é  evangélica e sem os seus executivos que fizeramtudo para não  nos encontrarmos. . Agora contratou arquitetos que trabalharam com Lina Bo Bardi , autora do projteo arquitetonico, completado por Edosn Elito. Ela faleceu sem ter visto a obra pronta. Esses arquitetos trabalham no programa do Teatro de Estadio que é para onde nos encaminhamos.  Como Oswald de Andrade achamos que o Brasil pode ter agora o que a Grecia teve com seu teatro. Um Teatro pra pequenas multididões “para a Paixão doPovo.”  O teatro como o futebol noBrasil tem este destino. O Futebol já e´cultura, mas vemos o teatro como o esporte de multidões driblando a Sociedade de Espetáculos. Gostamos de misturtar o atual do Teatro com o virtual . A revolução digital é uma aliada desta arte que consideramos tambem filha  de Zeus.Tanto que  gravamos quatro de nossos maiores espatáculos : “ Ham-let” de Shakespeare, , “Boca de Ouro” de Nelson Rodrigues ,Bacantes de Euripesdes comido por nós, e  Cacilda ! primeirapeça de uma tetralogia que escrevi sobre Cacilda Becker a maior atriz de todos os tempos do Barsil, falecida em 69 depois de sofre um aneurismo antes do    segundo ato de Esperando Godot. . Antigone Chanel do 68 brasileiro , onde o Teatro teve um poder extraordinario que o Hemisferio Norte desconhece. Foi violentamnet reprimido por isto , mas agora esta

no eterno retorno de sua potencia. Pretendemos levar para ano Brasil na França o espetáculo inteiro. Estamos  inteiramnet apoiados pelo Governo Brasileiro, por Gil e estamos buscando o lugar ,porque não  para fazer empalco italiano. Escervi uma carta a Minouchkini que tem o  o lugar ideal para fazermos emparis, mas ainda não obtivemos resposta.   Mas vamos encontrar o lugar em Paris e tambem em Avignon ou Nîmes.A Obra de Euclides da Cuha depois de 11 setembro parece ter sido rescrita. Trata da guerra contemporanea das nacões Civilizadas contra as “nações do mal.” Euclides da Cunha que era homem europeu com a cultura de um Freud,de  um Nietzche, era positivista, Em contacto com a guerra de Canudos Euclides teve uma conversão.O positivismo explodiu em  sua cabeça  em contacto com aquela Terra, e com a inteligência daquele povo que chamou de antes de tudo Forte. Reviu   todas as teorias racistas, imperialistas do seculo 19,e é tomado pelo fervor de seus anté então adversarios.Utilizando todo saber da epoca para tentar passar a mosntruosidade das degolas em massa que presenciara,    como Joseph  Conrad, e  acaba escrevendo  umlivro que é considerado a interprtação brasileira inventora doBrasil de dois Brazís  .É  o livro mais editado no exterior e hoje é uma grande interpretacão da guerra do Terror,pois escreveu sobre sua origem , revelando a estrura desse tipo de guerra.Seu    arquetipo. O    ExercitoRepublicano brasileiro teve varias derrotas , e terminou massacrando todo o povo que não  se rendeu,e hoje se espalha por todo mundo em  favelas.É uma encenação emque tentamos viver a Guerra atual para massacrar o Massacre, feita em forma de Opera de Carnaval Tragicomédioygiastica , puchada como Ditirambos com Coros que participam da ação assimilando-se ao publico.Para o  exterior há as legendas projetadas, mas o ritmo , a dança e o vigor da energia que emana contagiosa de Canudos promovem  uma celebração do  encontro da cultura do teatro do Hemisferio norte com a cultura deste teatro que nasce como uma naçãonova no mundo .

 

 

 

Quais são os seus projetos futuros ?    

 

Terminar a montagem destas epopeia, apresenta-la o ano que vem no Oficina. Gravar um DVD professional como os que ja fizemos com muitas cameras , nas maos de cienastas e videocamaras, som direto, presença do publico e com distribuicão  pelo mundo em varias linguas. Viajar para a Austria, França, Berlin, China fazendo todos os cinco espetáculos que compõe a pobra toda  e depois gravar emDVD onde aconteceu no fim do Seculo 19 Canudos , no Morro da Favela uma catinga tombada pelo Patrimônio Publico, que tem emfrete sob as  aguas da represa de Cocorobó,  a cidade inundada e seus mortos civis , militares de ambos os lados- republicanos e sertanjeos.

 

Depois de “Os Sertões “vou fazer uma peça de Jose Vicente , o maior dramaturgo vivo do Brasil,  Santidade”, um espetaculo de camara. Tenho vontade de fazer as Cacildas!!!! e uma comedia brasileira do tempo do Imperio “As Desgracas de uma Criancinha “ de Martins Penna com cinco personagens,  e uma hora de duração, Aí vou estar inaugurando Teatro de Estadio com “ O Homem e o Cavalo “ de Oswald de Andrade escrita especialmente para Tteatro de Estadio  em 1934.

José Celso Martinez Corrêa

 

M E R D A