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Arquivo mensal: maio 2013

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Eu não freqüento redes sociais, mas fui informado que você, Gerald, baseado em seu trabalho na Anistia Internacional declara que nunca fui torturado. Não me vanglorio de ter sido, nem faço marketing disso, detesto.

A Tortura me trouxe de positivo somente a Sagração de Amor ao Corpo Humano e de qualquer ser vivo: Animais, Plantas… depois de ter passado por porradas dentro um círculo de uns 10 homens  que quebraram meus dentes, e completaram a deformação de minha coluna por ter sido pendurado no Pau de Arara para receber choques elétricos, o que acirrou minha escolióse já existente. Dores que sinto hoje com a idade avançada, mais e mais violentas que nunca.

Recebi uma indenização que me foi concedida pela Secretaria Nacional da Justiça, pela Comissão de Anistia, presidida pelo Dr. Paulo Abrão num Ato Público belíssimo com a presença de todos os Membros desta Comissão no, Teat(r)o Oficina .

Esta  indenização foi de 4.000 reais mensais, até o fim de minha vida, acrescida  de R$500.000,00 que foram desdobrados em mesalidades de R$5.000. Somando tudo  R$9.000,00, e deve vencer este ano, quando então passarei a receber R$4.000,00.

Me referi á esta indenização ao Repórter do Globo por ela ter me permitido sobreviver estes últimos anos e ainda investir no Oficina Uzyna Uzona nestes momentos como agora, em que o Patrocínio da Petrobras, que cobre 1/3 de nossas despesas, demora seis meses para chegar até as nossas mãos.

Essa sua afirmação de que não fui torturado é o mesmo que você dizer que nunca houve Holocausto, onde você perdeu toda tua família.

Foi me mostrado hoje que seu facebook serve agora para aglutinar todos os “hate groups” Oficinofóbicos.

Não sei como, mas parece que isso te traz uma felicidade de militante de uma causa contra um colega seu e talvez ex-amigo.

Vá entender?!

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Ió! Amado Gerald,

meu Amor, tente entender seus novos enganos:

Quero você ao meu lado para termos condições mínimas e máximas para nossa arte ao vivo.

Pus teus textos no meu computador e fui tentando te acalmar e esclarecer sobre o que se passa realmente comigo e o Oficina Uzyna Uzona.

Fui comendo teu texto que me enviaram do teu Blog tentando fazer o “grande cansaço em explicar o Mar”.

Onde ponho você diretamente escrevendo, sem ser antropofagiado uso verde-Leminski maravilhoso e também verde bilis e onde é vermelho o que devorei de teu Panegírico de Hate Group ao Oficina Uzyna Uzona e à minha pessoa.

Não estou com seu email. Por enquanto vou pedir que postem no meu Blog. Logo que conseguir seu endereço te envio.

Juro que consegui uma delicadeza e um carinho que meu Horóscopo de hoje me aconselhou.

Nós – há 20 anos no Oficina Uzyna Uzona – ocupamos não um “carro conversível” da Lina Bo Bardi, mas uma Obra de Arte desta que é um dos maiores arquitetos contemporâneos, que tirou a arquitetura dos caixotes como Hélio tirou a pintura dos quadros nas paredes, e abriu suas obras ao mundo, à natureza, criando a “arqueologia urbana”, como ela definia.

Vêm arquitetos e urbanistas do mundo inteiro visitar o Oficina “Obra de Arte” que é um Espaço Cênico novo pro mundo – A Burguesia de SamPã considera o teatro incômodo, detestaos bancos e cadeiras de Lina e não frequenta, infelizmente, o Oficina.Nosso público é principalmente de jovens, por isso nossos ingressos tem de ser baratos – mas acho que Teatro tem de ser pra todo mundo. Luto para que isso mude e colocamos até poltronas estofadas numa das Galerias para dar conforto a esta classe de pessoas.

Vou te mandar um número da melhor revista de arquitetura do mundo, a Domus italiana, com uma reportagem e fotos lindas do “Carro Conversível” e de sua proposta de complementação urbana no “Anhangabaú da Feliz Cidade”: Complexo Público Urbano pra levantar o Bixiga, bairro central mas periférico da cidade, detonado pelo Minhocão.

O Bixiga  já foi como a Lapa no Rio, Coração Cosmopolita e Popular da Cidade.

No Terrenão que nos cerca queremos um Teatro De Estádio para Multidões – como diretores, como Mehyerhold e o arquiteto Gropius sonharam. E queremos a Universidade Antropófaga, a Oficina de Florestas e uma creche para as crianças do Bixiga. O Oficina foi tombado pelo IPHAN em 2010 – com um laudo de muito conteúdo, um dos melhores textos escritos sobre o Teatro Oficina até então, por Jurema Machado – na época representante da UNESCO no Brasil, atualmente diretora do IPHAN. Neste Laudo o IPHAN recomenda que sejam feitas gestões lideradas pelo MINC para compra, desapropriação ou outras medidas para que nosso entorno venha a abrigar uma Área Cultural de Interesso Público – aliás nós, com nossa “briga”, evitamos que nosso entorno se transformasse em um Shopping que iria expulsar os moradores do Bairro, ou em Torres para Apartamentos, como pretendia Silvio Santos.

Já estamos ocupando os terrenos, sem títulos de propriedade, por interesse e generosidade de Silvio Santos. Te informo que não brigo com ele há mais de 3 anos. Tornou-se nosso amigo e, por nossa sugestão, propõe uma Troca de seu Terreno com o MINC. A Ministra Marta Suplicy já entrou em negociações para a troca por um Terreno da União, para que o nosso Entorno possa ser destinado talvez à Prefeitura, mas para nosso uso também, compartilhado com o movimento teatral do Brasil e do Mundo.

O que será muito bom pois a Prefeitura poderá manter o Oficina e o Espaço do entorno – coisa que atualmente o Estado de São Paulo, proprietário do Teatro Oficina, desapropriado por Montoro, não faz. Tivemos que nos virar  todos estes anos para  arcar com despesas altíssimas de Luz, Água, Faxina, Segurança  e Manutenção.

Portanto te informo que não ando pedindo dinheiro pra Prefeitura pra comprar o terreno. Pasme! Conseguimos que Sílvio Santos tope uma Troca de Terrenos com o Governo – que não precisará desembolsar dinheiro, mas trocar terras, e continuar com elas – pois pertencerão à Prefeitura – para erguermos juntos este Espaço Público Aberto.

Dia 3 de outubro estaremos comemorando o 20º aniversário do que chamamos Terreiro Eletrônico de Lina Bardi e de Edson Elito com a estreia do 2º Capítulo de Cacilda!!! – Glória no TBC, a Fábrica de Teatro e Cinema.

Os MILHÕES da Petrobras foram pra editar 13 DVD’s: “Bacantes”, “Boca de Ouro”, que você viu,”Cacilda!” e “Ham-Let”, que você viu também, as 5 peças de “Os Sertões”, “Taniko”, “Bandidos”, “Cypriano e Chantalan” e “Vento Forte para um Papagaio Subir”. Ainda temos três para editar, já filmados, mas sem patrocínio para finalizar: “Cacilda!! – Estrela Brazyleira a Vagar”, “Macumba Antropófaga” e “Acordes”.

Eu e Marcelo fomos muito bem recebidos por você em NY, que pagou todas as despesas de hotel, restaurantes para nós, pois você sabe, não seja hipócrita, somos mais duros que você. Lá apresentamos só “Bacantes”, e não pretendo nunca TIRAR $$$ DE GRUPOS NOVOS, mas sim lutar – como lutamos pela criação do projeto do FOMENTO com muitas reuniões de um movimento que eu não gostava do nome: “Arte Contra a Barbárie”, pois adoro a Barbárie Tecnizada, como Oswald – para o aumento da verba para mais Cias. serem atendidas, mesmo o Oficina Uzyna Uzona, que por não ter dinheiro além do núcleo forte da Associação, trabalha com gente muito jovem, pois não temos dinheiro para trabalhar com os profissionais mais maduros como eu adoraria também poder trabalhar.”FOMENTO” justamente para incentivar Companhias novas, como a que estamos criando agora, grupos novos, ideias novas de pessoas que não têm e não sabem entrar nesse complexo sistema de proteccionismo! ELES trazem o sangue novo sempre pro Oficina Uzyna Uzona.

Só gosto de vodka na Polionia e na Rússia, Minha bebida é Vinho Tinto Seco, todas as noites – dos bons – que ficam na segunda prateleira dos Supermercados. Poucas vezes me atrevo a olhar para as altas, onde estão os mais caros e mais deliciosos. Tomo o Vinho que traz os “evoés” de Dionísios. Mas desde que montamos Bacantes você afirma, não sei porque, que este nome é mais pra Restaurante Grego?!  A mesma coisa vem agora com a Vodka?!

Gerald Thomas (indignado!)
Que horror, você luxo de pessoa, dar-se a este sentimento tão classe média, tão moralista. Não fica bem em você, um grande artista, pois como eu, e todos os artistas, não somos  “dignos”. Isso é mais papo da velha UDN – sei que é uma menção de um Velhinho de 76 gloriosos anos de Liberdade de só fazer o que manda seu coração, como Chiquita Bacana: existencialista.

“ALGUÉM TEM QUE DIZER ALGUMA COISA! ISSO EH UM ESCÂNDALO, ESSAS PESSOAS TEM DÉCADAS DE TEATRO. AINDA NÃO SÃO AUTO SUFICIENTES?”
Eu também acho um absurdo. É nossa incompetência administrativa ou é a Miséria Cultural Mundial que os Poderes Privados e Públicos devotam sobretudo à Arte Teatral, parteira de todas as Artes de Perfomances, na Vida, na TV, no Cinema, na formação de Apoderamento Pessoal do Povo. Esses Poderes até hoje não reconhecem o Oficina como uma Cia. Permanente que tanto deu ao Brasil a ao Mundo, mesmo que o mundo nem saiba disso ainda.

Será que é preciso esperar minha morte ? Nada conseguimos sem lutar muito, desde que criamos em 1958 o Oficina.

Não temos, nem nunca teremos, nosso TERRENO-TERREIRO: somos posseiros do Oficina há mais de 52 anos. Nunca assinei um documento que a Secult do Estado quer nos impingir  de “permissão de uso” do lugar que criamos. A Secult do Estado é proprietária do terreno. E mesmo havendo a troca de Terrenos, o terreno passará, tomara, para a Prefeitura, que tenho esperança, nos libere das despesas altíssimas de manutenção do Espaço.

Eu não tenho propriedade nenhuma, nem seguro médico. Alugamos dois  apartamentos no Paraíso. Marcelo, eu, e Roderick, um jovem talentosíssimo, ator que faz o papel de Adolfo Celi em “Cacilda!!! – TBC”.Parece com aquele hotel que você nos pagou em NY – Marcelo fica numa extremidade e eu numa outra – venha nos visitar e conhecer nossa moradia com cara de “República Estudantil”. Não é que eu adore viver assim – gasto toda minha anistia em remédios para o Coração, que são caríssimos, vinho e taxi. Mas lógico que queria viver como Bob Wilson vive – e com as condições técnicas dos Espaços que ele tem, principalmente o dos EEUU.

A PREFEITURA NÃO VAI TIRAR NADA DO CONTRIBUINTE – VAI GANHAR PARA SEU PATRIMÔNIO UMA PROPRIEDADE COM UMA OBRA DE ARTE ARQUITETÔNICA E MAGNETIZADO COM A ENERGIA CRIADORA DO OFICINA UZYNA UZONA – UM TERREIRO MESMO / OBRA DE ARTE – QUE VAI BENEFICIAR OS CONTRIBUINTES – QUE NÃO TEM O QUE COMER E ALIÁS, POR ISSO, NEM CONTRIBUEM, COMO VOCÊ AFIRMA.

Trabalhamos com o POVO DO BIXIGA – principalmente no CIRCO DO BIXIGÃO – que funciona no Teatro Oficina.

EH UM ESCÂNDALO. DIZ QUE O LULA EH UM DIVINO E EXPLICA QUE LULA EH A REINCARNAÇÃO DO PADRE NÃO SEI DAS QUANTAS PRA JUSTIFICAR TAMANHA PUXAÇÃO DE SACO.
Nunca disse nada parecido, nem sei quem é o tal Padre que talvez você conheça. Agora me ficou uma dúvida, quem você acha que trata mal os garçons: o Lula, eu,ou você????!!!!

EU VI COMO ELE TRATA (melhor dizendo, destrata) garçom em NY. E agora José? E agora Zé?Cade os MILHÕES desde o Ricardo Otake na prefeitura? Cade?
O Ricardo Otake foi Secretário da Cultura do Governo Fleury, nunca da Prefeitura. O dinheiro desta Secretaria foi investido parcialmente nas Obras de Finalização do Teat(r)o Oficina, pois tivemos antes $ até de Maluf nas fundações deste Terreiro Eletrônico, e até uma pequena herança que recebi, investi nestas Obras, sem contar o $ da Venda do “Arquivo Oficina 20 ANOS (1958-1978)” à UNICAMP – para o Arquivo Edgard Leuenroth.

Será que você ficou velho, Zé Celso?
Claro amor, tenho 76 anos e nesta idade comecei a sentir o que é o Corpo envelhecer,mas em Cena ainda sou um moleque.

Assusto-me quando vejo que esse ser adorável que se chama Zé Celso Martinez Corrêa, pode, em questão de alguns poucos anos, passar a ser simplesmente um bobo.
Isso você conclui depois de sua Ode a Bob Wilson – me acusando de ter mantido o mesmo pensamento por 76 anos. Sabia que eu fui ver a “Ópera dos 3 Vinténs”, de Brecht, de Bob Wilson e gostei tanto que o convidei para vir dirigir “A MORTA”, de Oswald de Andrade, no Oficina?Mas tenho que confessar que detestei  no dia seguinte “Lulú”, de Widekind.

Luís Antônio, meu irmão, amava esta obra prima. Ele foi assassinado por dois Jacks Estripadores quando montava esta maravilha no natal, com Fernadinha Torres como Lulú. A Montagem com aquela senhora alemã, já sem libido, e aqueles cristais, é uma Ode contra a Sexualidade – Lulú, o instinto da Vida, o Espírito da Natureza, foi assassinada como Luís Antônio.

Gerald, te acho muito mal informado sobre meu trabalho, o que te faz destilar esta bilis que faz mal, acima de tudo, pra você mesmo.

Sai dessa – venha fazer Cia. permanente aqui no Brasil, já que você acha tão fácil assim. Afinal você já tem muitos anos de trabalho também no Brasil. Merecia ter uma Cia. onde fosse pago como Bob Wilson.

Se você me ama realmente, e não é pose, leia este luminoso texto do Laudo do Tombamento do Iphan, coisa rara em documentos burocráticos.