É Muito Fácil Ser Puta Arrependida

Acompanhando um álbum de fotos que tirou na estreia da Macumba Antropófaga nos 50 anos do Teatro Oficina, em 16 de agosto, Jeff Anderson publicou um texto, que julga ser uma crítica do rito-espetáculo. Zé Celso decidiu replicar o texto. Esse blog publica primeiro o texto de Anderson, e logo em seguida, a réplica de Zé:

Texto de Anderson:

Criticar o Teatro Oficina é difícil pra caralho, ainda mais nesse contexto estéril sobre o qual sobrevivemos.
Todavia, tentarei. Faço isso, pois acredito que a crítica é o único dispositivo de transformação para se chegar ao ideal. Almejo o ideal. Essa é minha intenção. Mesmo correndo o risco.

████ A ESTÉTICA DA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI NO BRASIL ESTÁ LONGE SER POLÍTICA OU LIBERTÁRIA. ELA É PRODUTO E CERCAMENTO.

Ontem (16/08) foi a abertura da exposição “De dentro e de fora” no MASP. Também foi a estreia da peça “Macumba antropófaga” no TEATRO OFICINA em comemoração aos seus 50 anos. Dois espaços de extrema relevância às artes no Brasil. Percorri os dois pontos, na mesma noite, em busca de elementos que demostrassem a transformação estética que o Brasil passeia neste inicio de novo século e, desde já, posso afirmar que:

Não há rupturas (revolução). 
Não há criação. 
Não há liberdade.

Antes de chegar ao TEATRO OFICINA paramos em uma encruzilhada. Entre as Ruas São Vicente e Santo Antônio. 
Enquanto tomávamos cerveja refletíamos sobre os signos que o caminho nos trouxera. Paramos naquele bar ao acaso. Nunca nenhum de nós havíamos parado ali. Bebemos o suficiente para ir de encontro à peça “macumba antropófaga”. 
Ao chegar ao teatro, o trabalho e a dança já estavam na Rua Abolição. Esperamos que o cortejo passasse por uma pequena portinha. Era a entrada para o tão famigerado terreno do Silvio Santos. Na porta, um mendigo dormia. Quase fora pisoteado pelos artistas e expectores de Zé Celso. Ao tentar passarmos pela mesma porta da esperança, dois seguranças – de terno e gravata – nos impediram a entrada. Era necessário ter a pulseira azul ao braço para participar da ANTROPOFAGIA, do ritual, da macumba. Era necessário ter a pulseira azul para assistir a uma peça de teatro. Assim compreendi e não lamentei absolutamente. Parti em direção a bilheteria e comprei meu ingresso – a pulseira azul. No valor é de R$ 10,00. Ao pagar não me deram a nota fiscal paulista. A nota fiscal paulista é dinheiro e eu – munícipe – sou restituído com o imposto de icms ao final do ano. É dinheiro. É meu dinheiro, é meu direito. 

Já não gostei. Entortei o bico. Comecei a entender.

Mexeram no meu bolso para me vender uma estética libertária, antropófaga.
Paradoxo. Incoerência.
Meu primeiro contato com o TEATRO OFICINA fora na peça OS SERTÕES (3x). Da qual, mesmo com o patrocínio da Petrobras, eu paguei. Foi a grande revolução de minha vida universitária. Nessa época estudava Morrin e a professora Lili nos pediu para fazer um trabalho de campo do qual trouxesse a transgressão como elemento. Eu narrei a cena do dinheiro saindo pelo anus do Zé Celso.

Depois nunca mais voltei. Estudava outras coisas. Vivia outras coisas. A realidade me bateu a porta e as falácias foram caindo como folha velha. 

Até que ontem combinei de ir aos dois lugares – extremos – em uma mesma noite: MASP e TEATRO OFICINA.
Era necessário tirar o encantamento que trazia aos olhos sobre todos e qualquer coisa. O desencantamento. E assim o fiz. 

Continuei coletando. 

Era a estreia da peça “Macumba Antropófaga” que comemora 50 anos do TEATRO OFICINA.

Assim que entramos. Fomos direto para a construção geodésica – ou oca – que fora feita no terreno. Fogos de artifício. Muitos artifícios. Pouco tempo depois estávamos dentro do Teatro e a nudez prevalecia. Assim, como todas as outras vezes. 
A pobreza estética começava ali. O jogo sinuoso entre capital e estética era o que estava por ser desmistificado. De belo, somete os corpos. Clichês. Muitos clichês. De reprodução em cena do quadro de Jacques-Louis David em auto coroação de Napoleão, ou ainda na presença física de Amy Winehouse. Rimas de classe média tambem faziam parte da composição. Assuntos rotineiros. Espetadas na politica Obama. A velha critica a Igreja Católica. A com a. E com e. B com b. Em alguns momentos lembrava-me Luan Santana, por mais que a tentativa fosse intelectualizar a letra. Em outros momentos tive sono, mesmo com tanto barulho. 
Ideia não existia. 
Não existe ideia.
Se existe ela é a antropofagia de cuja autoria é de Oswald de Andrade.
Para realizar essa peça o TEATRO OFICINA deveria pagar direitos autorais por se apropriar de tudo. Se isso acontecesse não seria antropofagia. 
O que nos fora apresentado era um Bricoler porco, ou se preferir, Antropofagia de seguidores de Zé Celso. Discurso requentado. Tirado da cova. Há uma grande confusão de entendimento da estética Dionisíaca. Dionísio nunca foi vulgar. Dionísio, antes de tudo era Deus.

A apropriação do signo macumba e antropofagia era o que estava sendo vendido aos espectadores. Tudo com muita seriedade. Eu via pessoas extasiadas com a encenação. Atores e publico. Eles criam terem vivido um trabalho ritualisco, mesmo tendo pago para assistir a uma peça, pela pulseira azul. A estética atingia os sentidos de todos. Catarse. Confusão de entendimentos. Mistificação. 
Confundiram tudo e manipularam o que conseguiram. Tudo para um fim: a sobrevivência. 
Estávamos ali vendo e ouvindo velhas ideias que não deram certo. Ou melhor, deram. Deram certo em seu momento histórico. Faziam sentido a quem as inventou e no contexto social em que viviam: chegadas de imigrantes, reformulação constitucional do Brasil, reforma estética nacional, guerras além mar. Sobretudo a chegada de imigrantes ao Brasil que tão bem foi trabalhada pelo professor Sérgio em Raízes do Brasil. 

O desencantamento aconteceu.

O que estava sendo vendido ali era a estética da liberdade. Da liberdade deles. De quem participa, de quem é dono do capital simbólico e imobiliário do TEATRO OFICINA. Uma minoria. Alguns tem salários, outros não. Alguns ganham, outros colaboram.
Eu me senti enganado por ele – Zé Celso. Porque a liberdade tem que ser para todos. Não é possível criar artifícios para sustentar a liberdade de um pequeno grupo. A liberdade de um pequeno grupo é a supressão da maioria. Isso chama-se aristocracia, ainda que na área cultural. Mas tudo é tão bem feito. Tão arquitetado que demorou mais de cinco anos para que eu pudesse perceber. 
É com tanta naturalidade que eles se apropriam e encenam um ritual religioso – MACUMBA – para centenas de pessoas que me pergunto onde está a legitimidade disso tudo?
O jogo simbólico do qual o TEATRO AFICINA trabalha é extremamente complexo. Ele se sustenta a partir da resistência. Tenta propagar o popular. Mas conhece bem o mecanismo Capital.
Eu me revolto com o TEATRO OFICINA pelas pessoas que continuam a propagar tal estética falaciosa. Eu me revolto com o TEATRO OFICINA por ter me iludido. Eu me revolto com o TEATRO OFICINA por ter sido ele o nó górdio que enublava minha compreensão. Eu me revolto com o TEATRO OFICINA por não ter me ensinado que não há LIBERDADE do corpo sem emancipação econômica. 
Até mesmo para tirar a roupa, custa.
ANTROPOFAGIA DE CÚ É ROLA
_Jeff Anderson


Réplica de Zé Celso:

É MUITO FÁCIL SER PUTA ARREPENDIDA

Pois você acredita em Ideal, Ideias, para se chegar a um lugar que não existe: O IDEAL. E messianicamente, sem ter ouvido nada do que viu. E ainda reafirma heroicamente “Almejo o ideal”.
Não precisa nem temer o risco porque você cristão do rebanho, já se entregou. Pelo teu texto eu vejo a personagem, de que nem sei o nome. O que me chegou não trazia assinatura.

“Essa é minha intenção. Mesmo correndo o risco.”

Bom, é uma tese acadêmica, que pode fazer sucesso na USP, mas na Universidade Antropófaga você vai ter que ralar muito pra se descabaçar. Vai ter, como dizia Cacilda Becker, que chupar muita caceta.

Mas vamos lá:

“A ESTÉTICA DA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI NO BRASIL ESTÁ LONGE SER POLÍTICA OU LIBERTÁRIA. ELA É PRODUTO E CERCAMENTO”

Não é uma Vitória Política da Cultura neste 2011 a conquista deste belíssimo terreno, depois de uma Guerra de 30 anos com o maior poder do mundo contemporâneo, o CAPITAL VIDEO FINACEIRO, para se plantar o Urbanismo Cultural do “AnhangaBaú da Feliz Cidade?”

A mesquinharia que você nos atribui na palavra “famigerado terreno” mostra que você é autista. Foi ao TEATRO OFICINA e não sacou nada. Neste “famigerado” você revela que realmente não sabe que não há LIBERDADE do corpo sem emancipação econômica.

Você sabe que significado tem para o Teatro no mundo um TEATRO DE ESTÁDIO DE 5.000 LUGARES?

O Meio de Produção do Teatro é a Terra. O Terreno onde plantamos nossas Árvores de Arte Teatral.

Você tem toda razão quando revela que na porta, um mendigo dormia. “Quase fora pisoteado pelos artistas e expectores de Zé Celso.”

Eu trabalho para que haja dança perceptiva dos aqui-agora, delicadeza e contracenação com tudo, principalmente com os mendigos do Bairro. Nós fazemos questão de passar pela rua São Domingos, exatamente para termos a contracenação que pode dar início a um trablaho com os mendigos, craqueiros, moradores de rua daquele lugar.

Mas nem os artistas e expectores, são de, pertencem a mim Zé Celso.

A ansiedade e tensão de uma 1ª vez, de uma estreia, sempre deixam tanto o público como os atuadores tensos. Um 1º encontro de jovens que estão estreando no Teatro diante da Multidão. Claro que a “Macumba” vai evoluir e ganhar a dimensão do Sagrado que é o que mais importa.

A mesma personagem que diz que não aprendeu no Oficina que sem emancipação econômica não há liberdade do Corpo, em sua tese se queixa por que “dois seguranças – de terno e gravata – nos impediram a entrada. Era necessário o ter a pulseira azul ao braço para participar da ANTROPOFAGIA, do ritual, da macumba.”

De que vive um Teatro? “Não me peça para dar a única coisa que tenho para vender”, afirmava sabiamente Cacilda Becker. A Bilheteria, como na Putaria, na Pirataria, na Droga, no Comércio, é Cash. No Teatro a Bilheteria é Sagrada, ainda mais na MACUMBA onde o dinheiro é uma exigência Litúrgica. E você nobre acadêmico, ainda pagou somente 10 reais, que foi o preço a que pudemos chegar apara os amigos do Oficina.

Nós somos uma Associação Cultural, com atividade econômica mas sem fins lucrativos, logo, “Pequeno Burguês”, não lhe deram a nota fiscal paulista. Esta fala é digna mesmo de uma personagem Pequeno Burguesa, é Linda:

“A nota fiscal paulista é dinheiro e eu – munícipe – sou restituído com o imposto de icms ao final do ano. É dinheiro. É meu dinheiro, é meu direito.
Já não gostei. Entortei o bico. Comecei a entender.

Mexeram no meu bolso para me vender uma estética libertária, antropófaga.
Paradoxo. Incoerência.”

Será que você viu alguma coisa da cena da oca? Sentiu o cheiro do Absinto? Entrou implicando com os fogos de Artificio?! O Teatro é o lugar de uma Arte que joga com o Artificial. Eram belos os foguetes, muito dentro do ritmo das cenas que você pequeno burguês não acompanhava por que estava com a cabeça cheia de minhoca. Você nunca deve ter lido o “MANIFESTO ANTROPÓFAGO”, senão iria saber do grande momento da história mundial em que os habitantes vestidos do Hemisfério Norte, topam com os Índios do Brasil, pelados e percebem que somos todos “bichos humanos iguais”. Quisemos montar estas cenas escritas em 1928 para revelar a origem Estética da beleza deste figurino REVOLUCIONÁRIO: A NUDEZ. A mesma que temos nos momentos de um Banho, de fazer a grandeza do amor, de procriar, de nascer de uma boceta nua, nús no mundo!

A partir daí sua cabecinha cabaça somente passa a assistir “clichês”, sem perceber que na exaltação deles, “CLICHÊS”, vamos desmanchando-os. Você nem sabe perceber a importância de Napoleão Auto Coroado, como as Bacantes fazem auto-coroando-se de Hera.

É uma honra chegar ao brega de Luan Santana, não temos intenção nenhuma de intelectualizar a letra, aliás é assim na maioria dos poemas de um dos maiores Poetas do Mundo: Oswald de Andrade.

Claro que não existem ideias. Você não deve ter ouvido isto, nas palavras literais de Oswald:

“CORO
Somos
concretos.
Ideias
tomam conta,
reagem,
queimam gente na praça pública.

(BREQUE)

Suprimemos
as Ideias
e outras paralisias.”

Apreenda um pouco com estas falas de “O Homem e o Cavalo”, do mesmo OA:

“O EMPREGADO DA GARE
(…)Velho Idealista, acreditas ainda que as invencões são obras de um só homem? Não vês como delas a humanidade se apropriou serenamente? Quem inventou o Fogo?

ICAR
Foi Prometeu

O EMPREGADO DA GARE
Vives de mitos, não sabes que o inventor é o que acrescenta a última pedra no edifício, experimentado antes por vários trabalhadores anônimos sacrificados?”

Vossa Ignorância brilha:

“Se existe (uma Ideia) ela é a antropofagia de cuja autoria é de Oswald de Andrade.”

A Antropofagia Oswald revelou quando descobriu o elo perdido com os Índios Antropófagos, não só do Brasil mas do Mundo Inteiro, tanto que hoje é o assunto que mais interessa as Universidades do Mundo Inteiro. Oswald é o unico Fileosofo Original brasileiro, por ter redescoberto esta prática de devoração e mistura que é a própia prática do povão Macunaíma brasileiro:
“Só me interessa o que não é meu. Só a Antropofagia nos Une.”

Claro que ela se apropria de tudo que está aí. Neste asssunto você é pré-Modernista e pré-antropofago. Com essa tua couraça você não foi capaz de ouvir os conteúdos dos cantos de Oswald. Aconselho você a ler Oswald, ler os que o estudaram, se é que é pelo cérebro acadêmico que você vê o mundo. Um Acadêmico não pode ser igmorante a este ponto.

Sai dessa:

“Dionísio nunca foi vulgar. Dionísio, antes de tudo era Deus.”



1º não se escreve com maiúscula o nome do deus Dionísio. Você não tem percepção de si mesmo para sacar que está dando um Show de Vulgaridade. Mas eu não tenho nada contra a vulgaridade quando é bela e inteligente. A Tua é cafona, brega, previsível. Respondo porque tenho prazer em te vomitar.

“Apropriação do signo macumba e antropofagia era o que estava sendo vendido aos espectadores.”

Só acredito no artista que se apropria, incorpora o que recebe. Como você percebe nós estamos nas antípodas dos valores.

O que vendemos é mesmo Estética e Liberdade. Como putas. Eu invejava o tempo em que a carteira profissional dos Atores e Atrizes era igual a das Putas, por isso não tenho até hoje DRT.

Qual é o capital imobiliário que o Teatro Oficina tem? Somos posseiros das terras em que criamos o Oficina. O terreno pertence à Secretaria da Cultura, mas nós o cultivamos há mais de 50 anos. A Economia interna do Oficina Uzyna Uzona é Auto Gerida. Claro que quando há dinheiro os mais antigos, e que deram a vida, ganham pelo menos como os salários dos artistas mais experientes, e os que nunca fizeram teatro ganham, além do aprendizado gratuito, o poder de ter bolsas.

Trabalhamos todo o 1º Semestre deste ano exclusivamente com o cachê de Paraty, acho que de 25.000 reais. Nem os mais antigos, nem ninguém, recebeu nada, a não ser este cachê. Somos uma Associação de Artistas, mas é óbvio que quando recebermos Patrocínios e a Sagrada Bilheteria, poderemos pagar todos muito bem, como aconteceu o ano passado quando fomos subvencionados pelo MINC e PETROBRAS.

Você quer que sejamos um Albergue, um Banco, o que? Somos uma Cia de Teatro.

“Não é possível criar artifícios para sustentar a liberdade de um pequeno grupo.”:

A liberdade conquistada por um um pequeno grupo é o incentivo para todos os grupos que batalham em coletivos como nós. O teatro é uma arte aristocrática, nosso rei é Momo, e praticamos a MomoArquia.

Desde quando o Oficina se sustenta a partir da resistência? Tenho horror a esta palavra. Nós, diante dos obstáculos, RE-EXISTIMOS, NOS REINVENTAMOS. JAMAIS RESISTIMOS. Quanto ao mecanismo do Capital queria conhecer mais, infelizmente sou muito ignorante nesta área, tanto que estou assitindo a versão cinematográfica do Livro “O CAPITAL”, de Marx, do cineasta Alexander Kluge, para saber mais.

Aí vem um Gran Finale de Ressentimentos e revoltas clássicas do sistema do Teatro do Oprimido:

CANTO DA PUTA ARREPENDIDA
“Eu me revolto com o TEATRO OFICINA pelas pessoas que continuam a propagar tal estética falaciosa.
Eu me revolto com o TEATRO OFICINA por ter me iludido.
Eu me revolto com o TEATRO OFICINA por ter sido ele o nó górdio que enublava minha compreensão.
Eu me revolto com o TEATRO OFICINA por não ter me ensinado que não há LIBERDADE do corpo sem emancipação econômica. Até mesmo para tirar a roupa, custa.
ANTROPOFAGIA DE CÚ É ROLA”

Adoro Cú, Rola, e caia de joelhos por eu ter te dado o presente desta réplica.

É que, como você é novo adepto da OFICINOFOBIA, sei que, através deste texto, estou falando com muitos Grupos de Ódio ao mesmo tempo.

Tenho me divertido muito com eles no meu Blog.

Só lamento a IGNORÂNCIA TOTAL DAS COISAS e tento dar minha CONTRIBUIÇÃO PARA TODOS ESTES VELHOS ENGANOS

AMO A INTELIGÊNCIA E A ARTE TEATRAL

34 comentários
  1. “Só me interessa o que não é meu. Só a Antropofagia nos Une.” (OA)
    Tem uma reflexão interessante sobre essa frase; ver José Jorge de Carvalho:
    “A atitude antropofágica como ideologia de classe e de grupo racial. Retornando a um modelo central da ideologia cultural do Estado-Nação brasileiro, qual seja, o famoso projeto modernista, analisemos criticamente uma frase clássica do Manifesto Antropológico de Oswald de Andrade: “Só me interessa o que não é meu”. Se pensamos na relação do artista metropolitano de elite com as comunidades afro-brasileiras ou indígenas, o autor da frase não questiona os privilégios de classe e de raça do sujeito que pode pronunciá-la. Enquanto um coreógrafo do eixo Rio-São Paulo pode “antropofagicamente” apropriar-se de um determinado saber performático de um tambor-de-crioula do Maranhão, por exemplo, nenhum artista desse tambor-de-crioula pode exercer esse mesmo canibalismo cultural sobre um grupo de dança “erudita” que se apresenta no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e que é apoiado, digamos, por uma subvenção anual milionária concedida pelo Banco Itaú para
    que possa realizar seus exercícios de antropofagia estética.
    O lema antropofágico funciona, na prática, como uma espécie de código secreto da impunidade estética e da manutenção de privilégios da classe dominante brasileira. Nessa antropofagia (obviamente de mão única), duas classes interligadas celebram, mediante símbolos por elas mesmas ditos nacionais, seus privilégios diante dos artistas das comunidades indígenas e afro-brasileiras: a classe que se sentiu tão impune a ponto de poder realizar essa sempre celebrada síntese cultural modernista (os tais empréstimos culturais que, com o passar do tempo, se tornam roubo) e a classe (que é sua
    continuação histórica) que agora propõe e executa os inventários do patrimônio cultural imaterial brasileiro sem politizar a retirada do Estado em favor dos empreendedores preparados para mercantilizar, sem nenhum compromisso de continuidade, essas mesmas tradições performáticas. Insisto em questionar essa frase de Oswald de Andrade, invocada tão freqüentemente (e que é emblemática de uma atitude de prepotência), por representar uma das poucas metáforas do encontro entre pesquisador e artista popular no Brasil que permaneceu, constante e sempre invocada, ao longo de 80
    anos, para legitimar as contínuas intervenções de apropriação e expropriação culturais.
    Só me interessa o que não é meu: eu posso pegar tudo, porque tenho poder para isso e não apenas porque gosto disso. Essa é a atitude que conduz à voracidade do eu de uma elite branca que exige que todas as tradições performáticas afro-brasileiras e indígenas, sagradas ou profanas, estejam à disposição, tanto para satisfazer seus desejos estéticos
    de consumidor e de performer, como também para tentar resolver a ambivalência e a esquizofrenia política de sua identidade ocidental e do seu eurocentrismo profundo. (…)”

  2. ANGELO NUNES disse:

    Zé eu te amo! Cada palavra, cara idéia, cada pensamento. Seus moemntos são preciosos para mim. Te acompanho ha pelo menos 20 anos em silêncio. Ja tive a honra de tê-lo nú, no meu colo, em Bacantes e o abracei com tanto carinho e com tanto agradecimento que você não pode imaginar. Obrigado por sua arte e seu intelecto, que me alimentam. Eu como você! Amo o gosto picante do seu sabor. Sabado dia 03 e setembro vou, com honra, assistir mais um espetáculo seu. É um orgulho poder estar na mesma época que você. beijos carinhosos ANGELO

  3. maria do carmo disse:

    nossa adorei aliçaõ que voce deu nessa pessoa

  4. fredgorski disse:

    Vixi… sobrou ódio e faltou amor, hein?…

    • .Desculpe-me fredgorski said, mas discordo. Penso que sobrou amor sobre o ódio vindo do “teatroficinofobia”. A Resposta do Zé é puro amor, embora revestida da varinha de marmelo que não verga quando bate na pele. Minha saudosa mãe dela muito se utilizou para voltar os meus caminhos aos trilhos. Não sei se os trilhos aos quais tinha que voltar eram os certos e nem concordo com a utilização da varinha, contudo, sei, que o que não faltou, por parte de minha mãe, foi amor. Magnífica a resposta do Zé,pessoa que tive o prazer de conhecer pessoalmente durante a passagem das dionisiacas por Brasília. Pelo brilhantismo e pela manutenção de tudo o que os verdadeiros amantes do teatro podem desejar e vêm surgindo dali, do espetáculo que ninguém mais sabe a quem pertence. É certo que corpos nus não são mais vanguarda, mas a surpresa vinda do esperado ainda é novidade e isso é grande no teatro de Zé Celso, você sabe o que vem, contudo se surpreende. Sou ator e diretor de formação (acadêmica) o que não sei se me confere o ser, pois, na academia a teoria muitas vezes ignora a prática. Ensinar a intencionalidade da proposta do ato teatral é um ato de coragem, pois, coloca em xeque a espetacularidade e teatralidade e a resposta do Zé é um ato de amor, embora vestido no figurino da vara de marmelo. Milton Oliveira – Brasíulia-DF

  5. Fernanda Rêgo disse:

    Viva Zé e sua exaltação à Arte, e a Vida!!! EVOÉ!!! É realmente um privilégio ser contemporânea sua e testemunha do seu gênio criador.

  6. Leane disse:

    coisa de gente sem sal ..né……
    espírito de rebanho é foda..

  7. miguel benedykt disse:

    BRAVO ZÉ!!!!! O CARA é UM FASCISTA enrustido de ideais??????? libertários???? nulos de cultura real e conhecimento de causa seduzido por professores e literatura. Sua estúpida interpretação não vale o que caga nem o que come. E muito menos o que prega! É um sociopata completo enxerga na sociedade e em todos os seus atos (ruins ou bons), como seus inimigos! De uma paranoia tal que quer acreditar ser ele o salvador dos bons costumes, da marginalidade e dos pobres. Ele não tem ideia da sua luta e quão incrível é teu trabalho. Visceral, consciente, forte e contundente!

    Dá-lhe vaselina para que se auto foda sem dor,já que temos piedade dos pobres de espírito!!

    Está nas escrituras:
    OUVIRAM O QUE ENXEGARAM E ENXERGARAM O QUE OUVIRAM.
    ELE NÃO VÊ, NÃO OUVE, NÃO ENXERGA. ELE É NARCISO!
    NÃO ENTENDERÁ TUA RESPOSTA COMO SÁBIA E TE TORNARÁ MAIS UM INIMIGO OCULTO DA DOENÇA SOCIOPÁTICA QUE ELE SOFRE.
    SÓ ELE SABE DAS COISAS. POBRE IGNORANTE!!

    Um abraço,

    Miguel

  8. Assim temos o meio artístico e cultural infestado de moscas acadêmicas e insetos politizados, torrando o dinheiro público em teses inúteis e congressos equivocados, em suas insidiosas ações predatórias a justificarem a sua incapacidade criativa com teorias mortas…

    É muita falta de talento, valham-me os Deuses do Olimpo, os Orixás do Brasil africano e os ídolos de Pindorama!
    .

  9. É irônico encontrar a própria réplica no texto de um critico. Me alegro em ver a crítica, de uma forma ou de outra, boa ou muito ruim, ela ajuda a dissecar o ato artístico.
    O que eu encontrei no texto do critico foi uma síntese cotidiana de tudo o que me inspira em meu ofício. Sou Arquiteto.
    Caro criticador (talvez um dia você chegue a critico) você uniu em sua noite os dois extremos das obras de Lina Bo Bardi no centro de Sampã em uma noite. Foi do alto da Real Grandeza Paulista até a fossa da Come Cabeça Jaceguai.
    Só que para mim, você escreveu tudo ao contrário. Descreveu perfeitamente a maneira como sequestraram o projeto de Lina no MASP, e demonstrou não conhecer nada de arquitetura e apropriação do espaço no caso do Teatro Rua Terreiro Oficina.
    Só entenda que no Terreiro – templo, praça publica e quintal do Brasil – não é o Céu o Sagrado. É o chão. Vulgar pra ser tocado com os pés. Pra se deitar e rolar e sagrar Dionísio
    De resto o Zé ja disse tudo.
    Volte sempre.

  10. Marcelo Runoff disse:

    bla bla bla bla de todos vocês …. Esse muleque foi Genial!

    E se isso não foi uma crítica, eu não sei mais o que é uma ….. Fez vocês todos lerem e relerem, se deliciarem com os escritos – se manifestarem, todos nós.

    Viva a nova geração, viva a inteligência crítica!

  11. Rodrigo Gusmão disse:

    Muito bem lembrado Marcelo Runoff. Ele é um muleque, está apenas começando e mandou muito bem. Provocou a ira de muita gente, é só ler os comentários acima. O menino é bom!
    Merece toda minha admiração.
    E eu amo o Zé Celso!

  12. Dimitri disse:

    O Zé sacou que esse menino é inteligente, capaz. É por isso que ele respondeu…
    Essa crítica fez muita gente pensar, refletir. Ele escreve de maneira simples algo muito complexo. Torna visível um caminho bastante difícil para alguém de tão pouco idade.É intrigante, questionador. Saudável petulância, potência de pura vida.
    O mínimo que poderiamos fazer é agradece-lo. Pois ele representa a nova geração, os jovens que estão questionando, Que estão buscando um caminho, da mesma forma que fez os Grandes desse país em sua geração. E ele, embora pouca idade, já fez bastante coisas. Vocês podem ver aqui – http://www.youtube.com/user/jeffcausador
    Agradeço ao Zé pela sapiência. Agradeço a esse jovem, a demonstração de vida.

  13. Vladimir Stallman Magón disse:

    Zé Celso fala a toda hora dos tais “grupos de ódio”, “hate groups” que, segundo ele, integrariam grupos como o dos Trabalhadores da Cultura (MTC) e outros.
    Meu caro Zé Celso, esse ódio todo não existe! Você está fazendo uma transposição dos antagonismos das décadas de 60/70 (tipo tropicália versus CPC) que simplesmente não tem fundamento na atualidade.
    Não existe um padrão estético na movimentação que está batendo de frente com a política cultural do governo Dilma. Atribuir o rótulo de “hate group” para esta movimentação é uma coisa muito preconceituosa e não condizente com a realidade.
    Por outro lado, Zé Celso não encherga o verdadeiro “Hate group” que é justamente a turma que se instalou no ministério da cultura. O ódio do novo MinC se dirige principalmente contra a produção e difusão da cultura digital.
    Ana de Hollanda está no mesmo barco que Fernando Brant, Hildebrando Pontes, Glória Braga e Cia. O ministério da Cultura do governo dilma é o braço do mainstream: representa a tentativa desesperada de manter os velhos esquemas de “criador de cultura X consumidor de cultura”, “grandes artístas X artistas menores”.
    O MinC do governo Dilma atua, sobretudo, para manter o velho padrão do direito de autor: Está em curso uma verdadeira contrarreforma da lei de direitos autorais (Lei 9.610/98). Neste âmbito, Ana de Hollanda e sua turma tentaram tratorar tudo que foi construído de progressista pela gestão Gilberto Gil/Juca Ferreira. Hojé o projeto de alteração da Lei de Direitos autorais está emperrado (apesar da vergonhosa censura que vigora no site do MinC, podemos ver lá que o cronograma para a elaboração do respectivo anteprojeto de lei simplesmente não está sendo executado).

    Resumindo: Zé Celso, você está brigando com a turma errada.

  14. Vladimir Stallman Magón disse:

    Eu Atuo sob o pseudônimo de Vladimir Stallman Magón principalmente no site do MinC (mas também noutros lugares da rede) lendo diariamente as publicações referentes aos direitos autorais e testando os limites de participação no site. A este respeito:

    1º O site do MinC encontra-se hoje sob forte censura. As mensagens postadas num dia só são publicadas no outro. Se posto uma mensagem na sexta-feira ou no sábado, ela só é publicada na segunda-feira. Muitas mensagens simplesmente não são publicadas. São censuradas. Quando da ocupação da FUNARTE pelo MTC (movimento dos trabalhadores da cultura), todas as mensagens de apoio à ocupação que tentei publicar no site do MinC foram censuradas. Nenhuma foi publicada. Resumindo: o site do MinC, que tem a natureza de um espaço público está está servindo ao ministério de Ana de Hollanda como um mero instrumento privado de propaganda;

    2º A política geral no site do Minc é de tentar individualizar o relacionamento com quem faz reivindicações ou reclamações (ou mesmo tenta participar do processo) por meio do site. Por exemplo, várias pessoas (e eu também) estão reivindicando a publicação imediata do anteprojeto de lei de alteração da Lei de Direitos Autorais – coisa que o MinC reluta até agora em fazer – e invariavelmente a resposta do MinC a estas reivindicações é essa “envie seu questionamento para os responsáveis, por meio do link http://fale.cultura.gov.br/sisouvidor/autoatendimento/cadastro/formularioMensagem.jsp?strSelecao=ouvidoria“. Essa é a prática geral adotada pelos gestores do site do MinC de Ana de Hollanda, tentam burocratizar o relacionamento castrando as possibilidades de participação social efetiva por meio do site. Diz muito também sobre a atual gestão do site do MinC a existência de bloqueio à publicação de qualquer “link externo” nas postangens. Isto faz parte das “Regras para comentários”, onde se lê o seguinte: “A postagem de comentários com links de matérias não produzidas por este ministério será excluída”. Acho que está regra já estava estampada no site na gestão anterior (Gil/Juca), mas me lembro que naquela gestão os links externos não eram excluídos. De qualquer forma, essa regra tem que ser revista porque obstaculariza a livre circulação da informação e funciona também como tipo de censura;

    3º OCUPAÇÃO DO SITE DO MINC.
    O site do MinC é um espaço público e tem que ser ocupado.
    Hoje os vários movimentos que atuam inclusive na rede mundial de computadores pela liberdade de produção e difusão cultura e reivindicam, neste sentido, a alteração da Lei de Direitos Autorais encontram-se muito dispersos. Acredito que o site do MinC – que não é de Ana de Hollanda, nem de nenhuma gestão específica – pode ser um ponto muito interessante de aglutinação destes movimentos. Esboçou-se até intenção de criação de uma espécie de site do MinC paralelo, o http://www.mobilizacultura.org/ , coisa que vi na época com grande euforia, mas que infelizmente e estranhamente, parou e virou um barco fantasma virtual. De qualquer forma, acredito que seria mais eficaz (o que, claro, não exclui outras formais e locais de atuação) a atuação direta massiva no site do MinC, forçando cada vez mais os limites de participação na criação/recriação deste espaço. Assim conclamo a todos os interessados na liberação da produção e difusão da cultura a ocuparem o site do MinC.
    Endereço do site do Minc: http://www.cultura.gov.br/site/
    Enderços específicos sobre a Lei de Direitos Autorais: http://www.cultura.gov.br/site/2011/08/11/ultima-fase-da-revisao-da-lda/ e http://www.cultura.gov.br/consultadireitoautoral/

  15. silvia disse:

    cara eu não entendo de nada, mas vc merece aplausos só pelo fato de viver de arte neste país

  16. CAIO ROCHA disse:

    esse cara precisa gozar, fica nítido!

    claro que é um trabalho que ele ja ta começando, e com o zé celso o chicote não estala baby , mas a pica chora meu bem!

    tem que ser fértil até morrer, quer melhor morte?

    viva AFRODITE

    digo sim, pq meu pai é dono de puteiro, e claro pra equilibrar sou até meio que comportado, mas a vida é rara, a exaltação o cheiro, a presença é rara, e salve TODOS OS TEATROS OFICINAS DO MUNDO que cada vez trazendo pela história do mundo que carrega com a palavra teatro! mostra e exibi no tempo que é a arte que ao meu ver mais tem q ser valorizada pois é humana e cuida do humano como a mãe terra, mesmo que seu filho vista um terno e se enfiei pra morte da própria mãe, ela o recebe-o de xota aberta dizendo: VEM FILHO, SEJA ETERNO!

    O TEATRO NÃO É IGREJA MAS É UNIVERSAL!

    esse cara nunca fez teatro pra re-entender a re-existencia

    mas se ele gosta de ódio, digo: se ele pensar em fazer teatro no oficina dele tem que ser cobrado e muito caro, pq a sensação sublime e sutil trabalho espiritual que se estabelece não tem preço, não tem capital que cubra, por isso que se permaneçe VIVO!!!!!!

  17. Flavio disse:

    deverias anderson correr o risco de ficar calado, e correr ainda do veneno comum que o senso comum te expargiu, banhos de vinho evoé!

  18. Flavio disse:

    deverias anderson correr o risco de ficar calado, e correr ainda do veneno comum que o senso comum te espargiu, banhos de vinho evoé!
    espargir é com s, mas cheira a x

  19. Vladimir Stallman Magón disse:

    Carta Aberta da Sociedade Civil sobre a Crise do MinC:

    http://www.mobilizacultura.org/2011/09/04/pais-rico-e-pais-com-cultura/

    ———————————————————————————————————————————
    Pelo fim do retrocesso do MinC;
    Pela volta da cultura digital como fundamento do MinC;
    Pelo fim da falta de diálogo;
    Pelo fim dos privilégios do mainstream da industria cultural;
    Chega dessa balela de pós-rancor, vamos fazer política com amor e raiva também (isso é coisa minha, não está na carta…);
    Pela cultura, com a Dilma ou contra a Dilma – sou do movimento independente da cultura. Apóio (ainda!!!!) Dilma, mas não sou pelÊgo não…

    E qual a posição do Zé Celso??? Depois da babaquice com a ocupação da FUNARTE/SP. a coisa ficou meio estranha…..

  20. acho que jeff anderson não tem nada de inteligente …querido tudo isso que vc chama de cliche saõ questões que ainda precisam ser resolvidas e sem duvida precisam do TEATRO …a prova disso é o seu texto .não tenho formação mas vejo que o ZÉ e o OFICINA estaõ muito além de tudo isso mais ainda assim estão ai sempre lutando pelo TEATRO ,pelo BRASIL e pala HUMANIDADE

  21. o ZE socorro ai meu!!! Estou precisando escrever um projeto de teatro e não faço a miníma idéia de como fazer isto.. atualmente estou trabalhando com Performance mas enlouqueci e quero fazer teatro… Será que poderia me ajudar… obrigado. Guido

    • Joyce disse:

      Eu gostaria de agradecer ao texto bem escrito, provocativo do talvez menino ou não Anderson. Não sei dizer se sua crítica está correta, mas ecoou em mim, como se fosse as minhas próprias palavras. Não sou especialista de teatro, eu fui ao espetáculo para conhecer o Teatro Oficina, o trabalho de Zé Celso e me decepcionei muito, pois para mim foi mais do mesmo, as mesmas críticas, só que feitas de forma pobre. Parecia que se comentava um tempo distante, que se foi e as pessoas insistem em não abandonar. O texto não tinha força, a nudez perdia o sentido e a liberdade e a transgressão não sei onde ficou escondida.
      Infelizmente Zé Celso virou Deus, não tem mais a condição humana, logo não pode ser criticado.

  22. maria disse:

    zé… tanta revolta pela opinião de um espetador… tão pouca capacidade de ouvir… tanta reacção

    cadê o resto?!?

  23. Se o tiro for disparado com violência, existe o
    perigo de que o fio se rompa. Para o voluntarioso e
    agressivo, a abismo será, então, definitivo, e ele
    permanecerá no centro fatal, entre o céu e a terra, sem
    jamais vir a conhecer a salvação.”
    42“Então, o que devo fazer?”
    “Tem que aprender a esperar.”
    “Como se aprende a esperar?”
    “Desprendendo-se de si mesmo, deixando para trás
    tudo o que tem e o que é, de maneira que do senhor
    nada restará, a não ser a tensão sem nenhuma intenção.”
    “Quer dizer que devo, intencionalmente, perder a
    intenção?”
    “Confesso-lhe que jamais um aluno me fez tal
    pergunta, de maneira que não sei respondê-la de
    imediato.”
    “Quando começaremos com novos exerci’cios?”
    “Espere até que chegue o momento.”

    Clique para acessar o Herrigel_Eugen_-_A_Arte_Cavaleiresca_do_Arqueiro_Zen.pdf

  24. Marina disse:

    Acho que para criticar a gente precisa saber pelo menos um pouco do que estamos falando, a criatura se quer assistiu a peça toda, esperou a peça passar por ele…
    E ainda por cima, não se despiu dos tabus, de cara já armou confusão e não desfez o bico. Poxa. Vai com calma camarada.
    Eu posso estar atrasada, mas ainda sou d pensamento: não gostou? faz melhor hhahahahaha

  25. Romullo Paiva disse:

    grande mestre antropófago contemporâneo és tu Zé!!!!

  26. A peça macumba antropófaga trouxe consigo uma visão ampla do universo, e a descoberta do ser humano.
    Zé Celso conseguiu explorar melhor este mundo de forma lúdica e abstrata, trazendo novas possibilidades para o teatro, visando o fim do pré conceito.
    Uma sensação única um despertar alucinante, cada momento, cada cena trazia imaginações únicas, fazendo o publico entra em um só universo. A interpretação lógica dos atores, a intervenção humana com a platéia, dando-nos a sensação de liberdade.

    Aonde chega a capacidade de um homem, ao se dispor de tal forma e rebelar ao mundo despido do seu pré conceito, e assumir que é capaz de falar a verdade.
    Vivemos em um pais livre, onde temos nossa vontades de se expressar. Porque não deixar de lado o ser ou não ser, fazer ou não fazer, talvez a sociedade tenha suas limitações, e que seja incapaz de enxergar o mundo da forma como ele é.

    Leonardo colltrin

  27. Caro xamã, acabo de sair do teatro em Campinas onde assisti Macumba Antropofágica, deixo um texto que publico amanhã no facebook, com todas as recomendações ao espetáculo-Pindorama. Um bj. Segue o texto.

    Macumba Antropofágica é o descarrego nacional

    Em campanha pela Copa Cultural de 2014, Zé Celso Martinez Corrêa viaja pelo País com seu seu teatro macumba e ontem chegou a Campinas com seu rito, seu grito, que atravessa a história desde Pindorama chegando à incorporação tecnológica que baixa o twitter em cena. Foi ali mesmo, enquanto rolava o espetáculo, que os atores convidaram o público para tuitar uma mensagem ao Ministério das Relações Exteriores pedindo o fim da guerra na Síria. Esta foi uma entre tantas artimanhas do grupo que mastiga a carne, os ossos e os nervos culturais em Macumba Antropófaga, espetáculo que estreou em 2011 e foi remontado este ano.

    Politizado, crítico e transgressivo, o Teatro Oficina é sempre um território de imagens e imaginação fortíssimas, propondo um transe cultural que revigora o DNA da arte nacional.
    Sob a inspiração do Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, Zé Celso cozinha as cenas em caldeirão borbulhante de onde tudo o que sai é comido. Sem deixar pedra pedra , ele faz seu próprio ritual antropofágico servindo a modernidade num banquete que se come com as mãos e com o sexo. A antropofagia é Eros, antes de ser Tanatos.

    Na primeira parte, a macumba pega o público pelos tambores, a ginga, a alegria sensual que carnavaliza o teatro, mas numa linguagem que transcende a folia e espeta no público o tridente da crítica sempre corrosiva aos costumes, ao preconceito, à caretice institucionalizada. Na segunda parte, a crítica é bem mastigada, deglutida em passagens realistas como a do aborto em carne viva, com muito sangue cenográfico e o peso de uma pedra social estilhaçada nas vidraças da consciência do público. O espetáculo também pega a Igreja pra Cristo e tira do baú as idiossincrasias do Vaticano – representado magistralmente por Zé Celso na figura do papa, com imaculadas vestes e sapatos vermelhos. O ápice da crítica à fé que semeia a dor é a paixão de Deus por Lúcifer. Mas, afinal de contas, Deus é amor, referência que se transforma em frase humorística, em determinado momento, quando eles dizem: “Deu é amor!”
    A Igreja, a Justiça e a moralidade são queimadas na fogueira sempre acesa no centro da cena. O espírito é tribal, os cantos indígenas, as línguas se entrelaçam no emblemático Tupi or not Tupi do velho Oswald, mas o biscoito fino é Aymoré e hilário.

    No meio do transe, o tributo à diretora de vídeo Eliane Cesar condensa cenas ao vivo e nos telões espalhados entre o público. Eliane que trabalhou no grupo Oficina e foi acusada pelo ex-marido de trabalhar num “teatro pornográfico”, perdendo por isso a guarda do filho, morreu de câncer este ano e é homenageada como uma guerreira (tupi?) que enfrentou o moralismo que se ampara nas togas e nas leis para cometer atrocidades como a de separar mães de filhos, em nome de um pátrio poder.

    Macumba Antropófaga põe entre os dentes a moral burguesa, a homofobia, a repressão sexual, as perseguições da Igreja ao aborto legalizado e à pesquisa com células-tronco e mastiga, mastiga tudo, deixando escorrer da boca de onde sai o grito o caldo cultural de um teatro vivo e combativo. Macumba Antropofágica reúne a arte e a crítica social sem descambar para o panfletário. O discurso político é sempre liquefeito em senso lúdico e sentido erótico que afastam os maus espíritos e o tédio. No fim, o público aplaude seu próprio descarrego. (Célia Musilli)

  28. Alexandre Santos Silva disse:

    A única peça que assisti no Teatro Oficina, foi Cacilda, com Giulia Gam magistralmente no centro do espetáculo, aquela faixa imensa de plástico desenrolado de alto a baixo atravessando todo o Teatro por cima das cabeças e o sangue de Cacilda Becker entornando em baldes como um rio caudaloso. Entrei em delírio, um deslumbramento a peça de cabo a rabo. Perdi tudo o mais. Queria tanto ter visto as Bacantes, mas perdi. Agora quanto a esse texto do Jeff, confesso que achei antipático, mas depois fui ver os vídeos dele. Alguns. Gostei da figura dele. É verdade, têm estofo guardado dentro desse moço. MAs não posso me furtar a dizer o que reverbera em meus ouvidos até agora, como música para meu auto-sexo:

    “Antropofagia de cú é Rola”, que frase mais sexy, perdi a conta de vezes em que me masturbei em pensamento só de ouvir o eco desta frase. Isso é que é homem, só de lembrar da frase dá Tesão!

    Um abraço aos dois, ao Jeff e ao Zé. Adoro tua coragem José Celso Martinez Correia. Mais ainda que teu teatro Oficina Uzyna Uzona, teu gesto, tua palavra, tua vida no instante.

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